A Barca de Gleyre

A Barca de Gleyre
Autor(es) Monteiro Lobato
Idioma português
País Brasil
Editora Companhia Editora Nacional
Lançamento 1944 (edição original)

A Barca de Gleyre é um livro que reúne as cartas que Monteiro Lobato enviou, no decorrer de quarenta anos (1903 a 1943), ao amigo e também escritor Godofredo Rangel, publicado pela Companhia Editora Nacional em 1944. Embora as cartas abordem assuntos variados, o tema central é a literatura e criação artística. Consciente do seu valor como fonte de memória histórica, Rangel convenceu Lobato a publicá-las. Mas Rangel não quis publicar suas próprias cartas, alegando que seu único mérito era provocar excelentes respostas do companheiro.[1] A obra também constitui excelente fonte para se conhecer a trajetória de vida e pontos de vista de Lobato.

O nome do livro provém do quadro "As Ilusões Perdidas" do pintor Charles Gleyre, que mostra um barco atracando no cais com um velho na proa segurando uma lira. Lobato escreve para Rangel, em novembro de 1904, que em sua "aventura de arte pelos mares da vida em fora", os dois amigos talvez retornem como o velho do quadro de Gleyre, "cansados, rotos". "Nossos dois barquinhos estão hoje cheios de velas novas e arrogantes, atadas ao mastro da nossa petulância. São as nossas ilusões. Que lhes acontecerá?"[2]

Quando Godofredo Rangel sugeriu pela primeira vez a publicação das cartas, Lobato rejeitou a ideia: "Que ideia sinistra a tua, de publicarmos as minhas cartas! Seria dum grotesco supremo, porque cartas só interessam ao público quando são históricas ou quando oriundas de, ou relativas a grandes personalidades." (26 de maio de 1919) Anos depois, muda de ideia: "Desconfio, Rangel, que essa nossa aturada correspondência vale alguma coisa. É o retrato fragmentário de duas vidas, de duas atitudes diante do mundo – e o panorama de toda uma época. Literatura, história e mais coisas." (5 de setembro de 1943)

Na última carta, na véspera de São João de 1948, pouco antes de morrer, assim Lobato se despede do amigo:

Adeus, Rangel! Nossa viagem a dois está chegando perto do fim. Continuaremos no Além? Tenho planos logo que lá chegar de contratar o Chico Xavier para psicógrafo particular, só meu – e a primeira comunicação vai ser dirigida justamente a você.
  1. Introdução à edição de A Barca de Gleyre da Montecristo Editora.
  2. A Barca de Gleyre, carta de 15 de novembro de 1904.

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