Anton Pavlovitch Tchekhov,[nota 1] em russo: Анто́н Па́влович Че́хов (Taganrog, 29 de janeiro de 1860[nota 2] — Badenweiler, 15 de julho de 1904[nota 3]), foi um médico, dramaturgo e escritor russo, considerado um dos maiores contistas de todos os tempos.[1] Em sua carreira como dramaturgo criou quatro clássicos e seus contos têm sido aclamados por escritores e críticos.[2][3] Tchekhov foi médico durante a maior parte de sua carreira literária, e em uma de suas cartas[4] ele escreve a respeito: "A medicina é a minha legítima esposa; a literatura é apenas minha amante".[5]
Tchekhov renunciou ao teatro e deixou de escrever obras teatrais após a péssima recepção de A Gaivota (em russo: "Чайка") em 1896, mas a obra foi reencenada e aclamada em 1898, interpretada pela companhia Teatro de Arte de Moscou de Constantin Stanislavski que interpretaria também Tio Vânia (Дядя Ваня), As Três Irmãs (Три сестры) e O Jardim das Cerejeiras (Вишнëвый сад). Estas quatro obras representam um desafio para os atores,[6] bem como para o público, porque no lugar da atuação convencional Tchekhov oferece um "teatro de humores" e uma "vida submersa no texto".[7] Nem todos apreciaram o desafio: Liev Tolstói disse a Tchekhov: "Sabe, eu não consigo tolerar Shakespeare, mas suas peças são ainda piores".[8][9] No entanto, Tolstói admirava os contos de Tchekhov.[10]
A princípio Tchekhov escrevia simplesmente por razões financeiras, mas sua ambição artística cresceu, e ele fez inovações formais que influenciaram na evolução dos contos modernos.[11] Sua originalidade consiste no uso da técnica de fluxo de consciência, mais tarde adotada por James Joyce e outros modernistas, além da rejeição do propósito moral presente na estrutura das obras tradicionais.[12] Ele nunca fez nenhum pedido de desculpas pelas dificuldades impostas aos leitores, insistindo que o papel de um artista era o de fazer perguntas, não o de respondê-las.[13]
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correspondente
- ↑ «Russian literature; Anton Chekhov» (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 24 de fevereiro de 2012
- ↑ "O maior contista que já existiu." Raymond Carver (na introdução do livro About Love and Other Stories de Rosamund Bartlett); "Muito provavelmente. O melhor de todos os contistas." Boyd, William (3 de julho de 2004). «A Chekhov Lexicon» (em inglês). The Guardian. Consultado em 24 de fevereiro de 2012
- ↑ "Histórias … que estão entre as conquistas supremas na narrativa em prosa." Steiner, George (13 de maio de 2001). «Vodka miniatures, belching and angry cats» (em inglês). The Observer. Consultado em 24 de fevereiro de 2012
- ↑ Suas mais de 4.500 cartas são uma rica fonte para o estudo deste. Gabaldón, Jesús García (14 de maio de 2011). «Chéjov, la vida en escena» (em espanhol). El País. Consultado em 24 de fevereiro de 2012
- ↑ Carta a Alexei Suvorin, 11 de setembro de 1888. «Letters of Anton Chekhov by Anton Pavlovich Chekhov» (em inglês). Consultado em 24 de fevereiro de 2012
- ↑ "Os atores escalam Tchecov com se ele fosse uma montanha, amarrados uns aos outros, compartilhando a glória, caso contrário eles nunca chegarão ao cume." Ian McKellen, citado em Miles, 9.
- ↑ "A arte de Tchecov exige um teatro de humores".Vsevolod Meyerhold, citado em Allen, 13; "A vida submersa no texto é uma característica de um drama de realismo mais profundo, que depende menos das exterioridades da apresentação." Styan, 84.
- ↑ Malcolm, 121.
- ↑ Simmons, 495.
- ↑ Tolstói considerava Tchecov como "o Pushkin da prosa". Simmons, 322.
- ↑ "Tchecov é considerado o pai dos contos modernos." Malcolm, 87; "Ele trouxe algo novo para a literatura." James Joyce, em Arthur Power, Conversations with James Joyce, Usborne Publishing Ltd, 1974, ISBN 978-0-86000-006-8, 57; "Tchecov quebrar a tradição clássica é o acontecimento mais significativo na literatura", John Middleton Murry, em Athenaeum, 8 de abril de 1922, citado na introdução de About Love and Other Stories, XX.
- ↑ "Este uso do fluxo de consciência que, anos mais tarde, tornar-se-ia a base da inovação de Tchecov na dramaturgia; e também sua inovação na ficção." Wood, 81; "O artista não deve ser o jurado de seus personagens e de seus diálogos, mas apenas uma testemunha imparcial." Tchecov, Anton Pavlovich (2005). Letters of Anton Chekhov to His Family and Friends with Biographical Sketch (em inglês). [S.l.]: Kessinger Publishing. p. 88. ISBN 1417904887. Consultado em 25 de fevereiro de 2012
- ↑ "Você está certo ao exigir que o artista tome uma atitude inteligente em seu trabalho, mas você confunde duas coisas: resolver um problema e enunciar um problema corretamente. Apenas o segundo é obrigatório para o artista." Tchecov, Anton (27 de outubro de 1888). «Letters of Anton Chekhov by Anton Pavlovich Chekhov» (em inglês). Project Gutenberg. Consultado em 25 de fevereiro de 2012