Batalha do Somme

Batalha do Somme
Frente Ocidental, Primeira Guerra Mundial
Data 1 de julho18 de novembro de 1916
(140 dias)
Local Região do Rio Somme, nordeste da França.
Desfecho Sem vencedor definido
  • Tropas britânicas avançam 9,7 km no Somme, em uma frente de 26 km;
  • Favorecimento tático e estratégico aos Aliados (controverso);[1][2][3]
  • Posteriormente, forças alemãs recuam 64 km até a Linha Hindenburg entre fevereiro e março de 1917;[4]
Beligerantes
Reino Unido Império Britânico
França
Império Alemão
Comandantes
Reino Unido Douglas Haig
Joseph Joffre
Ferdinand Foch
Reino Unido Henry Rawlinson
Émile Fayolle
Reino Unido Hubert Gough
Joseph Alfred Micheler
Príncipe Ruperto
Erich von Falkenhayn
Max von Gallwitz
Fritz von Below
Forças
1 de julho
390 000 em 13 divisões
330 000 em 11 divisões

Novembro
1 530 000 em 50 divisões
1 440 000 em 48 divisões
1 de julho
Império Alemão 315 000 em 10 divisões



Novembro
Império Alemão 1 500 000 em 50 divisões
Baixas
456 000 mortos, feridos ou capturados[5]
200 000 mortos, feridos ou capturados[6]
Império Alemão 450 000 mortos, feridos, desaparecidos ou capturados[7]

A Batalha do Somme, também conhecida como Ofensiva do Somme, foi uma enorme batalha travada durante Primeira Guerra Mundial, com os exércitos do Império Britânico e da França lutando contra as forças da Alemanha. Aconteceu entre 1 de julho e 18 de novembro de 1916 em ambas as margens superiores do rio Somme, no nordeste da França. O objetivo da ofensiva era finalmente dar vitória aos Aliados e romper o impasse da luta de trincheiras. Acabou sendo uma das maiores batalhas travadas na Frente Ocidental, com mais de três milhões de homens na linha de frente.[8]

Em dezembro de 1915, na Conferência de Chantilly, o alto-comando militar francês e britânico havia acordado que uma grande ofensiva seria lançada na região do Somme. Nos primeiros dois anos de guerra, os Aliados haviam desperdiçado suas tropas e recursos em ataques individuais ao longo da linha de frente, com pouca ou nenhuma coordenação entre as nações da aliança. Para 1916, os Aliados se comprometeram a combinar estratégias e ações contra as Potências Centrais, com os russos atacando pelo leste, os italianos no sul, e os exércitos franco-britânicos atacando no oeste, na área do rio Somme. Os planos iniciais vislumbravam ao menos 42 divisões francesas na linha de frente, apoiados no flanco norte pelo 4º Corpo de Exército da Força Expedicionária Britânica (a BEF). Porém, quando o exército imperial alemão começou sua própria ofensiva, a Operação Gericht, no rio Meuse, em 21 de fevereiro de 1916, os franceses mandaram várias divisões que estavam sendo preparadas para o Somme em direção ao sul com o propósito de manter a cidade de Verdun a todo o custo e os britânicos, que, em sua maior parte, apenas seriam "coadjuvantes" na ofensiva do Somme acabaram virando os protagonistas. Com a luta em Verdun se intensificando, os franceses pediram aos ingleses que antecipassem o ataque no Somme, porém o comandante Douglas Haig sabia que o momento não era oportuno, porém a fragilidade da situação da França, comprometendo tantas tropas na região de Verdun-sur-Meuse, o fez reconsiderar e ele concordou que um ataque na oportunidade mais próxima poderia finalmente quebrar as linhas alemãs e acabar com a guerra ainda em 1916. As tropas britânicas reunidas no Somme eram uma mistura do experiente exército regular pré-guerra do Reino Unido e uma força de voluntários recém treinados (conhecidos como Kitchener's Army). Para muitos destes jovens soldados, a batalha no Somme seria sua primeira experiência em combate.[9]

Em 1 de julho de 1916, o exército britânico, protegidos por um intenso bombardeio de artilharia, lançou-se contra as posições defensivas alemãs, atacando da região de Foucaucourt-en-Santerre, ao sul do Somme, até Maricourt, na margem norte, com uma força de apoio avançando pela estrada AlbertBapaume, perto de Gommecourt. As forças britânicas sofreram pesadas perdas devido ao enorme aparato defensivo alemão. No primeiro dia do Somme, os britânicos sofreram mais de 57 mil baixas (incluindo 19 240 mortos em combate), fazendo deste o "pior dia na história do exército britânico". Pouquíssimas tropas inglesas conseguiram chegar as linhas alemãs, com as treze divisões britânicas vendo companhias inteiras sendo estraçalhadas ou dispersadas. Os alemães haviam adotado uma postura defensiva a partir de 1914 e, ao contrário dos Aliados, haviam gastado muitos recursos fortificando suas trincheiras, adotando a estratégia de defesa em profundidade, cavando buracos fundos e bunkers reforçados de concreto, dando a eles uma enorme vantagem. Em comparação, os Aliados haviam feito trincheiras relativamente mal preparadas, já que a mentalidade da Entente era de "ofensiva a todo o custo", considerando manter grandes defesas como um desperdício de tempo e recursos. Ambos os lados utilizaram centenas de aviões, sendo uma das primeiras vezes na história que grandes ataques terrestres eram coordenados com o poderio aéreo. Os britânicos também utilizaram, em setembro, pela primeira vez sua nova arma, o tanque de guerra, buscando sobrepujar, à força, as trincheiras alemãs. O tanque, apesar de causar um forte impacto psicológico, acabou não sendo decisivo, com os alemães se adaptando rapidamente. Falhas mecânicas eram comuns e a maioria dos tanques utilizados no Somme foram destruídos ou abandonados, mas o conceito da guerra mecanizada permaneceu e evoluiu ao longo do tempo.[10]

A ofensiva do Somme durou 140 dias, com quase um milhão de homens sendo mortos ou feridos (somadas as perdas de ambos os lados), fazendo desta batalha uma das mais sangrentas da história das guerras.[11] No final, as forças britânicas e francesas haviam avançado 10 km dentro do território ocupado pelos alemães. Foi sua maior conquista territorial desde setembro de 1914, na Primeira Batalha do Marne. A luta no Somme também desviou algumas divisões alemãs que combatiam em Verdun, aliviando a situação dos franceses por lá. Contudo, os principais objetivos táticos da batalha não foram atingidos e as linhas alemãs na Frente Ocidental não quebraram. Cidades chave, como Péronne e Bapaume, não foram tomadas. Embora, no final de novembro, todas as novas ofensivas planejadas tivessem sido canceladas, combates pela região prosseguiriam até o começo de 1917. Historiadores e acadêmicos continuam debatendo a respeito da necessidade da batalha, sua significância e importância, e se as perdas sofridas valeram a pena de alguma forma.[6]

  1. Gilbert, Martin (2006). The Somme: Heroism and Horror in the First World War. [S.l.]: Henry Holt and Company. p. 243. ISBN 0-8050-8127-5  - Os Aliados ganharam perto de 10 km de novos terrenos ao termino da batalha.
  2. Williams, John Frank (1999). ANZACS, The Media and The Great War. [S.l.]: UNSW Press. p. 162 
  3. Sheffield 2003, p. 156
  4. Griffith, Paddy (1994). Battle Tactics of the Western Front; The British Army's Art of Attack 1916–1918. [S.l.]: Yale University Press. p. 84. ISBN 0-300-05910-8 
  5. Sheffield, G. (2011). The Chief: Douglas Haig and the British Army. Londres: Aurum Press. ISBN 978-1-84513-691-8 
  6. a b Doughty, R. A. (2005). Pyrrhic Victory: French Strategy and Operation in the Great War. Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press of Harvard University. ISBN 0-67401-880-X 
  7. Wendt, H. L. (1931). Verdun 1916 Die Angriffe Falkenhayns im Maasgebiet mit Richtung auf Verdun als strategisches Problem. Berlim: Mittler. OCLC 503838028.
  8. Hirst, Andrew (3 de julho de 2016). «Battle of the Somme was probably worst ever military disaster». examiner.co.uk. Consultado em 9 de agosto de 2016 
  9. Philpott, W. (2009). Bloody Victory: The Sacrifice on the Somme and the Making of the Twentieth Century. Londres: Little, Brown. ISBN 978-1-4087-0108-9 
  10. «The Battle of the Somme: 141 Days of Horror». Consultado em 23 de agosto de 2019 
  11. Frum, David (1 de julho de 2016). «The Lessons of the Somme». The Atlantic. Consultado em 1 de setembro de 2018 

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