Essa comunidade vivia no norte e noroeste da Etiópia, em mais de 500 aldeias espalhadas por um vasto território, entre as populações predominantemente cristãs e muçulmanas.[9] A maior parte concentrava-se na área em torno do lago Tana e mais ao norte, na região de Tigré, entre os distritos de Wolqayit, Shire, Tselemt e Gondar e entre as províncias de Semien, Dembia, Segelt, Quara, e Belesa.
Beta Israel fez contato com outras comunidades judaicas no final do século XX. Após intensos debates constitucionais e envolvendo o Halachá – a lei judaica –, as autoridades israelenses decidiram, em 14 de março de 1977, que a Lei do retorno se aplicava também a Beta Israel.[10] O governo de Israel e o governo dos Estados Unidos montaram operações aliyah para transportar os judeus etíopes para Israel.[11][12] Essas atividades incluíram, no Sudão, entre 1979 e 1985, a Operação Irmãos, a Operação Moisés e a Operação Josué; em 1991, a partir de Addis Ababa, a Operação Salomão.[13][14]
Os Falash Mura são os descendentes da Beta Israel que se converteram ao cristianismo. Alguns estão retornando às práticas do judaísmo Halcá e vivendo juntos em comunidades. Os líderes espirituais da Beta Israel, incluindo o kes Raphael Hadane, têm defendido a aceitação dos Falash Mura como judeus.[15] O governo israelense decidiu, em resolução de 2003, que os descendentes da linhagem de mães judias têm o direito de emigrar para Israel, com base no direito de retorno, mas só podem se tornar cidadãos se formalmente se converterem ao judaísmo ortodoxo.[16] Tal resolução foi alvo de controvérsias na sociedade israelense.[17][18][19][20]
Em 2009, dos 119 500 judeus etíopes residentes em Israel, muitos já eram nascidos no país. 38 500 ou 32% dos membros da comunidade tinham pelo menos um dos pais nascido na Etiópia.[21]
Notas e referências
Notas
↑Em hebraico: בֵּיתֶא יִשְׂרָאֵל – Beyte (beyt) Yisrael; em ge'ez: ቤተ እስራኤል – Bēta 'Isrā'ēl, moderno Bēte 'Isrā'ēl, EAe: "Betä Ǝsraʾel"; "Casa de Israel" ou "Comunidade de Israel". O significado da palavra "Beta" no contexto social/religioso é "casa" ou "comunidade".[5]
↑ Sharon Shalom. From Sinai to Ethiopia, the halakhic and conceptual world of Ethiopian Jewry.Introduction: The Spiritual World of Ethiopian Jewry, Then and Now. Jerusalem: Gefen, 2016. Citação:' "The Habesha people called them falashim, meaning 'exiled', while the members of the tribe preferred to call themselves Beta Israel.
↑Falashasoxfordreference.com. Citação: The name ‘Falashas’, meaning ‘strangers’, is pejorative and is never used by the Beta Israel (‘House of Israel’) as these Ethiopian Jews call themselves [Tradução: "O nome 'Falashas', significando 'estrangeiros', é pejorativo e nunca é usado pela Beta Israel ('casa de Israel'), que é como esses judeus etíopes se autodesignam"].
↑Weil, Shalva (1997) "Collective Designations and Collective Identity of Ethiopian Jews", in Shalva Weil (ed.) Ethiopian Jews in the Limelight, Jerusalem: NCJW Research Institute for Innovation in Education,Hebrew University, pp. 35–48. (Hebrew)
↑Weil, Shalva 2012 "Ethiopian Jews: the Heterogeneity of a Group", in Grisaru, Nimrod and Witztum, Eliezer. Cultural, Social and Clinical Perspectives on Ethiopian Immigrants in Israel, Beersheba: Ben-Gurion University Press, pp. 1–17.
↑Michael Corinaldi, Ethiopian Jewry: Identity and Tradition, Rubin Mass, 1988, p. 186–188 (Hebrew)
↑Weil, Shalva 2008 "Zionism among Ethiopian Jews", in Hagar Salamon (ed.) Jewish Communities in the 19th and 20th Centuries: Ethiopia, Jerusalem:Ben-Zvi Institute, pp. 187–200. (Hebrew)
↑Weil, Shalva 2012 "Longing for Jerusalem Among the Beta Israel of Ethiopia", in Edith Bruder and Tudor Parfitt (eds.) African Zion: Studies in Black Judaism, Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, pp. 204–217.