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O catarismo (do grego καϑαρός, katharós, "puro") foi um movimento cristão de ascese extrema na Europa Ocidental entre os anos de 1100 e 1200, que teve suas raízes no movimento pauliciano na Armênia e no bogomilismo na Bulgária, que tiveram influências dos seguidores de Paulo de Samósata.[1]
Esse movimento teve considerável presença no norte da Itália e no sul da França e a Igreja Católica Romana passou a considerá-lo uma ameaça à religião ortodoxa.[2] As principais manifestações do catarismo centralizavam-se na cidade de Albi, motivo pelo qual, muitas fontes se referem aos seus adeptos como albigenses.[3]
Embora o termo "cátaros" tenha sido usado durante séculos para identificar o movimento, ainda é discutível se o movimento se identificava mesmo com este nome.[4] Em textos cátaros, os termos "homens bons" (Bons Hommes) ou "bons cristãos" são os termos comuns de autoidentificação.[5]
A ideia de dois deuses ou princípios, sendo um bom e outro mau, foi fundamental para as crenças dos cátaros. O Deus bom era o Deus do Novo Testamento e criador do reino espiritual, em oposição ao Deus mau, que muitos cátaros identificavam como Satanás, o criador do mundo físico do Antigo Testamento. Toda a matéria visível teria sido criada por Satanás, e portanto teria sido contaminada com o pecado. Isto incluía o corpo humano. Esse conceito é oposto ao da Igreja Católica monoteísta, cujo princípio fundamental é que há somente um Deus que criou todas as coisas visíveis e invisíveis. Os cátaros também pensavam que as almas humanas eram almas de anjo sem sexo, aprisionadas dentro da criação física de Satanás e amaldiçoadas a se reencarnarem até os fiéis cátaros alcançarem a salvação por meio de um ritual chamado Consolamentum.[6]
No início de seu reinado (1198), o Papa Inocêncio III tentou acabar com o catarismo enviando missionários e persuadindo as autoridades locais a agirem contra eles, mas, no ano de 1208, o legado papal Pierre de Castelnau, um monge Cisterciense, foi assassinado quando voltava para Roma, após excomungar o Conde Raimundo VI de Toulouse a quem acusava de ser muito indulgente com os cátaros.[7] Isso levou Inocêncio III a declarar Pierre de Castelnau como um mártir e convocar a Cruzada Albigense.[7][8]
A Cruzada Albigense duraria até 1229 e os cátaros continuariam a ser perseguidos pela inquisição até 1350, sendo que, após esse ano, deixou de haver registros que indicassem a continuidade do movimento.