Economia planificada

Economia planificada ou economia planejada, é um tipo de sistema econômico em que o investimento, a produção e a alocação de bens de capital ocorrem de acordo com os planos econômicos para toda a economia. Uma economia planificada pode utilizar formas de planejamento econômico centralizadas, descentralizadas, participativas ou do tipo soviético.[1][2][3] O nível de centralização ou descentralização na tomada de decisão e participação depende do tipo específico de mecanismo de planejamento empregado.[4] Os estados socialistas baseados no modelo soviético usaram o planejamento central, embora uma minoria, como a República Federal Socialista da Iugoslávia, tenha adotado algum grau de socialismo de mercado. O socialismo abolicionista de mercado substitui os mercados de fatores pelo cálculo direto como meio de coordenar as atividades das várias empresas econômicas de propriedade social que constituem a economia.[5][6][7] Abordagens mais recentes ao planejamento e alocação socialistas vieram de alguns economistas e cientistas da computação que propuseram mecanismos de planejamento baseados nos avanços da ciência da computação e da tecnologia da informação.[8]

Economias planejadas contrastam com economias não planejadas, especificamente economias de mercado, onde empresas autônomas que operam em mercados tomam decisões sobre produção, distribuição, preços e investimento. As economias de mercado que usam o planejamento indicativo são chamadas de economias de mercado planejadas, economias mistas e economias de mercado mistas. Uma economia de comando segue um sistema de comando administrativo e usa um planejamento econômico do tipo soviético, que era característico da antiga União Soviética e do Bloco de Leste antes que a maioria desses países se convertesse em economias de mercado.[9] Isso destaca o papel central da administração hierárquica e da propriedade pública da produção na orientação da alocação de recursos nesses sistemas econômicos.[10][11][12]

Nas mais modernas economias planificadas, um poder central fica encarregado de decidir a respeito dos investimentos a serem realizados pela sociedade, a distribuição dos recursos necessários à produção, consumo e as metas a serem atingidas pelas empresas. Exemplo dessa chamada economia planificada podemos identificar no processo desenvolvido durante o período de 1964 a 1985 no Brasil, quando houve "quatro chamados Planos Nacionais de Desenvolvimento, denominados PND I, II, III e IV"; cada um desses com duração de cinco anos, indicando os rumos que a economia deveria seguir para o crescimento harmônico nos períodos.[13]

Muitas das economias totalmente planificadas que existiram sobretudo no século XX acabaram perdendo credibilidade ao longo dos anos 1980 e 1990, devido ao aumento da burocratização e à ausência de incentivos a ganhos de produtividade e inovações. Houve, no Brasil, apesar de este país não ser totalmente planificado na época, um "Ministério da Desburocratização" para tornar o processo mais rápido e menos burocratizado, com vistas ao custo e qualidade do produto e sua competitividade, a nível internacional, entre o III e o IV Plano Nacional de Desenvolvimento; e também a criação de órgãos como o "Ministério da Ciência e Tecnologia", ligando as instituições escolares às empresariais, com o fito de modernizar o aparelho produtivo, na figura do operário e do estudante, ao nível do chamado então "Primeiro Mundo", como eram, na época, chamados, países como os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão, França e outros. O Brasil se encontrava no nível dos países "em desenvolvimento", estando agora entre os principais emergentes do globo.

  1. Alec Nove (1987). "Planned Economy". The New Palgrave: A Dictionary of Economics. vol. 3. p. 879.
  2. Devine, Pat (26 de julho de 2010). Democracy and Economic Planning. [S.l.]: Polity. ISBN 978-0745634791 
  3. command economy. Encyclopædia Britannica
  4. Gregory, Paul R.; Stuart, Robert C. (2003). Comparing Economic Systems in the Twenty-First Century. Boston: Houghton Mifflin. pp. 23–24. ISBN 978-0-618-26181-9 
  5. Prychito, David L. (31 de julho de 2002). Markets, Planning, and Democracy: Essays After the Collapse of Communism. [S.l.]: Edward Elgar Publishing. p. 72. ISBN 978-1840645194. Traditional socialism strives to plan all economic activities comprehensively, both within and between enterprises. As such, it seeks to integrate the economic activities of society (the coordination of socially owned property) into a single coherent plan, rather than to rely upon the spontaneous or anarchic ordering of the market system to coordinate plans. 
  6. Mandel, Ernest (1986). «In Defence of Socialist Planning» (PDF). New Left Review. 159: 5–37. Planning is not equivalent to 'perfect' allocation of resources, nor 'scientific' allocation, nor even 'more humane' allocation. It simply means 'direct' allocation, ex ante. As such, it is the opposite of market allocation, which is ex post. 
  7. Ellman, Michael (31 de março de 1989). Socialist Planning. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 327. ISBN 978-0521358668. '[S]ocialist planning', in the original sense of a national economy which replaced market relationships by direct calculation and direct product exchange, has nowhere been established [...]. 
  8. Cottrell, Allin; Cockshott, W. Paul (1993).
  9. OS MÉTODOS DE PLANEJAMENTO NA URSS ANNIBAL VILLELA
  10. Zimbalist, Sherman and Brown, Andrew, Howard J. and Stuart (outubro de 1988). Comparing Economic Systems: A Political-Economic Approach. [S.l.]: Harcourt College Pub. p. 4. ISBN 978-0-15-512403-5. Almost all industry in the Soviet Union is government owned and all production is directed, in theory, by a central plan (though in practice much is left for local discretion and much happens that is unplanned or not under government control). 
  11. Wilhelm, John Howard (1985). «The Soviet Union Has an Administered, Not a Planned, Economy». Soviet Studies. 37 (1): 118–130. doi:10.1080/09668138508411571 
  12. Ellman, Michael (2007). «The Rise and Fall of Socialist Planning». In: Estrin, Saul; Kołodko, Grzegorz W.; Uvalić, Milica. Transition and Beyond: Essays in Honour of Mario Nuti. New York: Palgrave Macmillan. p. 22. ISBN 978-0-230-54697-4. In the USSR in the late 1980s the system was normally referred to as the 'administrative-command' economy. What was fundamental to this system was not the plan but the role of administrative hierarchies at all levels of decision making; the absence of control over decision making by the population [...]. 
  13. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. 2 de abril de 2016. Consultado em 18 de junho de 2021 

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