O emanacionismo ou emanatismo, ou doutrina da emanação, é um conceito filosófico segundo o qual tudo no mundo, incluindo almas humanas e a mente, surge, emana (de acordo com a etimologia latina emanare), de um princípio ou de uma realidade primária, "O Um" ou Absoluto, de uma maneira intermediária ou não. O Dicionário de Conceitos Filosóficos[1] define a emanação em questão como um "processo segundo o qual os seres múltiplos procedem do 'Um' primeiro". Émile Bréhier, historiador da filosofia, prefere usar o termo processão ao de emanação para qualificar essa forma de geração.[2]
O emanacionismo é uma ideia da cosmologia ou cosmogonia e, em diferentes formas, caracteriza certos sistemas religiosos cosmológicos ou cosmogônicos, como os do neoplatonismo, cabalá, sufismo, gnosticismo, ou sistemas filosóficos como os de Fichte, Schelling, Bergson e Teilhard de Chardin. As visões dos místicos alemães, Mestre Eckhart e Jakob Böhme podem ser anexadas a ele.[3]
Emanar significa "fluir de" e, neste contexto, é o modo pelo qual todas as coisas derivam de uma Realidade Inicial ou Princípio. Todas as coisas são derivadas deste Princípio (ou de um Deus perfeito) através de passos para degraus inferiores de existência (degradação) e à cada passo os seres emanados são menos puros, menos perfeitos, menos divinos. O emanacionismo propõe um princípio transcendente do qual tudo é derivado. No nível teológico, o emanatismo rejeita a ideia de criação a partir do nada: não é mais por um ato de criação nova de uma qualidade sem existência anterior que Deus produziu o mundo, mas tirando-o de sua própria substância inesgotável ou pelo transbordamento de suas próprias ideias. Todos os seres são, portanto, apenas um fluxo ou uma expansão da essência divina, que se expande e se desenvolve através de sucessivas emanações. O emanatismo se opõe, portanto, tanto ao materialismo (que postula que não existe uma natureza subjetiva ou ontológica por trás dos fenômenos, sendo imanente a divindade), quanto à ideia de criação ex nihilo, segundo a qual o mundo é obra de uma entidade divina totalmente separada do mundo e que não haveria substrato ou matéria prima anterior para os seres criados. O fato de que a existência de "coisas" possa resultar de uma emanação divina pode levar à conclusão de que há uma conexão de substância entre a natureza entre Deus e a criação. Esta tese leva a ver no emanatismo um dos fundamentos históricos do panteísmo e do panenteísmo.[4]