Uma significativa proporção dos fulas é constituída de pastores: cerca de um terço do grupo ou 12 a 13 milhões de pessoas, sendo, por essa razão, o grupo étnico com a maior comunidade de pastores nômades do mundo.[21][22] A maioria do grupo étnico Fula é composta de indivíduos semissedentários[22] e sedentários (fazendeiros, artesãos e mercadores, além dos integrantes da nobreza).[23] Distribuem-se por vários países, principalmente da África Ocidental e do norte da África Central, mas também estão no Chade, Sudão e em regiões próximas do Mar Vermelho.[24]
Os Fula adotaram o Islã como sua religião e participaram das Jihads, levantes militares islâmicos que ocorreram na África Ocidental nos séculos XVIII e XIX. Esses levantes, onde foram bem-sucedidos, resultaram na criação de novos Estados ou na conquista e reorganização de Estados já existentes. Os Fula emergiram como um grupo dominante na região, provocando mudanças significativas no mapa político local e gerando importantes consequências econômicas e religiosas.[25]
A aquisição de escravos foi uma recompensa significativa para os Fula que participaram da jihad. Escravos eram capturados das forças inimigas como parte do saque de guerra, enviados como tributo a superiores políticos ou vendidos nos mercados. A quantidade de escravos acumulada por um indivíduo estava relacionada à importância de seu papel na jihad e à sua posição na hierarquia política. Esses escravos podiam ser utilizados como empregados domésticos ou estabelecidos em aldeias específicas para cultivar a terra para seus proprietários. Rapidamente, os escravos se tornaram a principal fonte de riqueza, e a exploração do trabalho escravo na agricultura cresceu, tornando-se a base da economia sob o governo Fula.[26]
A relação dos Fula com outros povos, conforme descrito pelo autor Victor Azarya[27], é caracterizada por tensões. Os Fula ressentiam-se de estar sob a autoridade de grupos agrícolas, cujo modo de vida desprezavam. A adoção do Islã intensificou essas tensões, aumentando seu sentimento de superioridade em relação a grupos pagãos ou superficialmente islamizados, e sua frustração por estarem subordinados a eles.
↑ abDavid Levinson (1996). «Fulani». Encyclopedia of World Cultures: Africa and the Middle East, Volume 9. [S.l.]: Gale Group. ISBN978-0-8161-1808-3, citação: "The Fulani form the largest pastoral nomadic group in the world. The Bororo'en are noted for the size of their cattle herds. In addition to fully nomadic groups, however, there are also semisedentary Fulani —Fulbe Laddi— who also farm, although they argue that they do so out of necessity, not choice."