Gaia (mitologia)

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Gaia
Deusa do Planeta Terra

Gaia
Por Anselm Feuerbach, 1875, Academia de Finas Artes, Viena
Planeta Terra
Morada Planeta Terra
Genealogia
Cônjuge(s) Ponto, Urano, Tártaro
Pais Caos
Irmão(s) Tártaro, Nix, Érebo, Eros (Segundo Hesiodo)
Filho(s) Urano, Ponto, Óreas Ciclopes, hecatônquiros, titãs, Gigantes
Equivalentes
Romano Terra

Gaia, Geia ou (em grego: Γαία, transl.: Gaía), na mitologia grega, é a Mãe-Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora imensa. Segundo Hesíodo, no princípio surge Eurínome (o Mar Cósmico), Ela gera Ofíon (a Luz) e da união de ambos nascem Gaia, Tártaro (o abismo), Eros (o amor), Érebo (as trevas) e Nix (a noite).[1]

Gaia gerou sozinha Urano (o Céu), Ponto (o mar) e as Óreas (as montanhas).[1] Ela gerou Urano, seu igual, com o desejo de ter alguém que a cobrisse completamente, e para que houvesse um lar eterno para os deuses "bem-aventurados".[1]

Com Ponto, Gaia gerou Nereu: É um deus marinho primitivo, representado como um idoso o velho do mar. Além de Fórcis, Ceto, Euríbia e Taumante.

Com Urano, Gaia gerou os doze titãs: Oceano, Céos, Crio, Hiperio, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Mnemosine, a coroada de ouro Febe e a amada Tétis; por fim nasceu Cronos, o mais novo e mais terrível dos seus filhos, que odiava a luxúria do seu pai.[2]

Período após haverem concebido os titãs, Urano e Gaia geraram os três ciclopes e os três hecatônquiros.

Urano, capaz de prever o futuro, temeu o poder desses filhos, quais tornar-se-iam poderosos, e os encerrou novamente no útero de Gaia. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, clamou pelo favor de seus filhos titãs e pediu auxílio para libertarem os irmãos e vingarem-se do pai. Dos doze irmãos, porém, somente Cronos aceitou a conspiração.

Gaia então retirou do peito o aço e com o auxílio de Nix, dele fez a foice dentada. Concedeu-a a Cronos e o escondeu, para que, quando viesse o pai durante a noite, não percebesse sua presença. Ao descer Urano para se unir mais uma vez com a esposa, foi surpreendido por Cronos, que atacou-o e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra.

Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas algumas gotas caíram sobre a terra, fecundando-a. Do sangue de Urano derramado sobre Gaia, nasceram os gigantes, as erínias as melíades.

Após a queda de Urano, Cronos subiu ao trono do mundo e libertou os irmãos. Mas vendo o quanto eram poderosos, também os temia e os aprisionou mais uma vez. Gaia, revoltada com o ato de tirania e intolerância do filho, tramou nova vingança.

Já havendo assumido regência do universo e se casado com Reia, Cronos foi por Urano advertido de que um de seus filhos o destronaria. Ele então passou a devorar cada recém-nascido tal qual o fizera o pai. Contudo, Gaia ajudou Reia a salvar o filho que era Zeus, escondendo-o em caverna dum monte em Creta, onde seria amamentado pela cabra Aix da ninfa Amalteia. Reia então, em vez de entregar seu filho para Cronos devorá-lo, entregou-lhe uma pedra.

Já adulto, Zeus declarou guerra ao pai e aos demais titãs com suporte de Gaia. Durante cem anos nenhum dos lados chegava ao triunfo. Gaia então foi até Zeus e prometeu que ele venceria e se tornaria rei do universo se descesse ao Tártaro e libertasse os três ciclopes e os três hecatônquiros. Ouvindo os conselhos de Gaia, Zeus venceu Cronos com a ajuda dos filhos libertos da Terra e se tornou o novo soberano do Universo. Zeus realizou um acordo com os hecatônquiros para que estes vigiassem os Titãs no fundo do Tártaro. Gaia pela terceira vez se revoltou e lançou mão de todas as suas armas para destronar Zeus.

Num primeiro momento, ela pariu os incontáveis andróginos, seres com quatro pernas e quatro braços que se ligavam por meio da coluna terminado em duas cabeças, além de possuir os órgãos genitais femininos e masculinos. Os andróginos surgiam do chão em todos os quadrantes e escalavam o Olimpo com a intenção de destruir Zeus, mas, por conselhos de Têmis, ele e os demais deuses deveriam acertar os andróginos na coluna, de modo a dividi-los exatamente ao meio. Assim feito, Zeus venceu.

Noutra oportunidade, Gaia produziu uma planta que ao ser comida poderia dar imortalidade aos gigantes; todavia a planta necessitava de luz para crescer. Ao saber disto Zeus ordenou que Hélio, Selene, Eos e as estrelas não subissem ao céu, e escondido nos véus de Nix, ele encontrou a planta e a destruiu. Mesmo assim Gaia incitou os gigantes a empilharem as montanhas na intenção de escalar o céu e invadir o Olimpo. Zeus e os outros deuses permaneceram invictos, entretanto.

Como última alternativa, Gaia enviou seu filho mais novo e o mais horrendo, Tifão, para acabar com os deuses e seus aliados. Os deuses se uniram contra a terrível criatura e depois de uma terrível e sangrenta batalha, lograram triunfar sobre a última intento e prole de Gaia.

Enfim, Gaia cedeu e concordou com Zeus que jamais voltaria a tramar contra seu governo. Dessa forma foi ela recebida como uma titã olímpica.[3]

  1. a b c Hesíodo, Teogonia, Cosmogonia, 116-133
  2. Hesíodo, Teogonia, Cosmogonia, 134-138. Os filhos estão indicados na ordem que Hesíodo os cita
  3. Hesíodo, Teogonia, tradução e estudo de JAA Torrano. São Paulo: Massao Ohno-Roswitha Kempf/Editores, 1981.

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