Girolamo Savonarola

Girolamo Savonarola
Girolamo Savonarola
Girolamo Savonarola por, Fra Bartolomeo
Nome completo Hieronymous Savonarola
Nascimento 21 de setembro de 1452
Ferrara
Morte 23 de maio de 1498 (45 anos)
Florença
Assinatura

Girolamo Savonarola (Ferrara, 21 de setembro de 1452Florença, 23 de maio de 1498), cujo nome é por vezes traduzido como Jerônimo Savonarola ou Hieronymous Savonarola, foi um padre dominicano e pregador na Florença renascentista que ficou conhecido por supostas profecias, pela destruição de objectos de arte e artigos de origem secular e seus apelos de reforma da Igreja Católica.

Savonarola veio de uma antiga e tradicional família de Ferrara. Devotou-se ao estudo da filosofia e medicina e em 1474, durante uma viagem a Faenza, ouviu um sermão proferido por um padre agostiniano, que o fez resolver renunciar ao mundo, incorporando-se à ordem dominicana na Bolonha sem o conhecimento de seus pais.

Savonarola denominava-se um profeta (Diferente das conotações atuais, na Idade Média o termo profeta era aplicado a políticos e religiosos que, segundo as crenças, podiam interpretar os eventos do mundo como sinais da vontade divina)[1][2] e escreveu sobre suas supostas visões em seu Compendium revelationum, em que ele associava a corrupção do clero com um dilúvio de pecados e libertinagem e o rei Carlos VIII da França a um "novo Ciro". Quando a França invadiu a Itália e ameaçou intervir em Florença em 1494, essas profecias pareceram se realizar e Savonarola conseguiu suporte público para afastar os Médici do poder e declarar Florença uma "república popular".

Em 1495, quando Florença recusou participar da Santa Liga junto ao Vaticano para se opôr à invasão francesa, Savonarola foi convocado a Roma pelo papa Alexandre VI. Savonarola recusou a convocação e prosseguiu a desafiar o papa, pregando sob uma proibição, declarando Florença uma nova Jerusalém: o novo centro do cristianismo no mundo, e começando uma campanha puritana que é lembrada especialmente em virtude das suas recorrentes "fogueiras das vaidades". Nesses eventos, obras de arte, livros e outros objectos que eram considerados produtos da vaidade humana, luxo desnecessário ou de natureza imoral eram coletados e queimados publicamente. Obras de Ovídio, Propertius, Dante, Boccaccio, Botticelli e Lorenzo di Credi, entre outros, foram queimadas nesses eventos, que por sua vez não passaram despercebidos pelo Vaticano. Em retaliação, o papa excomungou Savonarola em maio de 1497, e ameaçou uma interdição em Florença.

Uma ordália foi proposta por um pregador rival em Florença em 1498 para testar a investidura divina de Savonarola, o que resultou em um fiasco e reverteu a opinião popular contra ele, sendo Savonarola preso com mais dois frades seus aliados. Sob tortura, Savonarola confessou que havia inventado suas visões e profecias e, em 23 de maio de 1498, a Igreja Católica e as autoridades civis condenaram os três frades à morte por enforcamento e a serem queimados em praça pública. No entanto, é importante notar que a confissão de Savonarola sob tortura pode ter sido obtida de forma coercitiva e, portanto, não pode ser considerada completamente confiável. Além disso, muitas das visões e profecias atribuídas a Savonarola são ainda objeto de debate e interpretação por historiadores e estudiosos da época.[3][4][5]

Durante sua campanha reformadora, Savonarola recebeu apoio de jovens seguidores que passaram a ser conhecidos como "piagnoni", que tentaram manter a sua política durante o século seguinte, mas o movimento foi afinal desmantelado pelo restabelecimento dos Médici no poder.

  1. John Bossy, Christianity in the West, 1400-1700 (Oxford: Oxford University Press, 1985)
  2. Barbara Tuchman, A Distant Mirror: The Calamitous 14th Century (New York: Ballantine Books, 1978)
  3. «Donald Weinstein, Savonarola. The Rise und Fall of a Renaissance Prophet. New Haven/London, Yale University Press 2011». Historische Zeitschrift (1): 196–198. 5 de fevereiro de 2015. ISSN 2196-680X. doi:10.1515/hzhz-2015-0050. Consultado em 16 de abril de 2023 
  4. Stefano U. Baldassarri, "Savonarola's Apocalyptic Rhetoric," in The Cambridge Companion to Savonarola, ed. Alison Brown (Cambridge: Cambridge University Press, 2005), pp. 123-142.
  5. Ronald F. Hathaway, "The Trial and Execution of Savonarola," in The Renaissance in Italy: A Reader, eds. John M. Najemy and Michael E. Bratchel (New York: Oxford University Press, 2004), pp. 238-244.

Developed by StudentB