Gnosticismo

O gnosticismo (do grego Γνωστικισμóς; romaniz.: gnostikismós; de Γνωσις, gnosis: 'gnose', e gnostikos: 'conhecedor, sábio') é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas oriundas da região do mediterrâneo durante os séculos I e II d.C., alicerçado em interpretações de relatos bíblicos e apócrifos pelo viés filosófico médio-platônico e de cultos de mistérios greco-romanos e orientais. Mesclara-se ao cristianismo primitivo dos primeiros séculos desta era, e fora condenado como heresia após um período de prestígio entre os intelectuais cristãos.[1]

Com base em interpretações heterodoxas e alternativas do pentateuco e doutros relatos da Escritura hebraica e cristã, os gnósticos afirmam que o universo material (cosmo) foi criado por uma emanação imperfeita do Deus supremo chamada demiurgo, para prender a centelha divina (espírito) no corpo humano. Esta centelha divina poderia, então, ser liberta através da gnose: que seria o conhecimento intuitivo sobre o espírito e a natureza da realidade.

As ideias e ramos gnósticos floresceram no mundo mediterrâneo no século II d.C., em conjunto e trocando influências com os primeiros movimentos cristãos e médio-platônicos. Mesmo com um considerável declínio após o século II, o gnosticismo sobreviveu sub-repticiamente ao longo dos séculos na cultura ocidental, remanifestando durante o Renascimento através do esoterismo ocidental, assumindo a proeminência com a espiritualidade moderna. Do Império Persa, o gnosticismo se alastrou até a China através do maniqueísmo, ao passo que o mandeísmo ainda vive no Iraque.

As primeiras definições e tentativas de destrinchar o gnosticismo ocorreram no contexto da Era cristã.[2][3] Embora alguns estudiosos suponham que o gnosticismo seja anterior ou contemporâneo ao cristianismo, todos os textos gnósticos até hoje descobertos são posteriores à primeira metade do século I, época em que o cristianismo já estava estabelecido como religião através dos apóstolos.[4]

O estudo do gnosticismo e do cristianismo primitivo de Alexandria foram ambos reacesos após a descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi, em 1945.[5]

  1. Jones, Peter. Ameaça Pagã, A (Velhas heresias para uma nova era). Editora Cultura Cristã. ISBN 8586886386
  2. Adolf von Harnack (1885) definiu como uma "helenização aguda do cristianismo". Moritz Friedländer (1898) defendeu origem judaica helenística, enquanto Wilhelm Bousset (1907) defendeu origens persas.
  3. Karen L. King, What is Gnosticism? (2005) "Bousset considerou que o gnosticismo era uma religião pré-cristã, existindo ao lado do cristianismo. Era um produto Oriental, anti-judeu e anti-helenista..."
  4. "Até esta fase, ainda não foram encontrados quaisquer textos gnósticos que antecedem claramente a origem do cristianismo." J. M. Robinson, "Sethians and Johannine Thought: The Trimorphic Protennoia and the Prologue of the Gospel of John" em The Rediscovery of Gnosticism, vol. 2, Sethian Gnosticism, ed. B. Layton (Leiden: E. J. Brill, 1981), 662.
  5. R. van den Broek Studies in Gnosticism and Alexandrian Christianity Page vii 1996 "O estudo do gnosticismo e, em menor medida, do cristianismo primitivo da Alexandria receberam um forte impulso com a descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi copta, em 1945"

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