Guerra Civil Espanhola

Guerra Civil Espanhola

Da esquerda para a direita, do topo para baixo: Tanque da XI Brigada Internacional na Batalha de Belchite, um avião alemão Bf 109 com insignias dos nacionalistas, HMS Royal Oak patrulhando a região de Gibraltar, bombardeio de um campo de pouso no Saara Espanhol, forças nacionalistas operando um armamento anti-aéreo durante a Batalha de Madrid, soldados republicanos entrincheirados durante o Cerco a Alcázar.
Período 17 de julho de 19361 de abril de 1939
Local Espanha peninsular, Marrocos Espanhol, Saara Espanhol, Canárias, Baleares, Guiné Espanhola e Mar Mediterrâneo
Resultado Vitória dos Nacionalistas
Participantes do conflito
Republicanos

Apoiado por:
 União Soviética (1936-1938)
México México
 França (1936)
Voluntários estrangeiros

Nacionalistas

Reino da Itália (1861–1946) Itália
Alemanha Nazista Alemanha
Apoiado por:
Portugal
 Vaticano (Diplomacia)
Voluntários estrangeiros

Líderes
Lideres Republicanos
Segunda República Espanhola Manuel Azaña
Segunda República Espanhola Francisco Largo Caballero
Segunda República Espanhola Juan Negrín
Segunda República Espanhola Indalecio Prieto
Segunda República Espanhola Vicente Rojo Lluch
Segunda República Espanhola José Miaja
Segunda República Espanhola Toribio Martínez Cabrera Executado
Segunda República Espanhola Segismundo Casado
Segunda República Espanhola Juan Modesto
Segunda República Espanhola Juan Hernández Saravia
Segunda República Espanhola Buenaventura Durruti 
Segunda República Espanhola Joaquín Ascaso
Segunda República Espanhola Lluís Companys
Segunda República EspanholaComunidade Autónoma do País Basco José Antonio Aguirre
Lideres Nacionalistas
José Sanjurjo 
Emilio Mola 
Francisco Franco
Gonzalo Queipo de Llano
Juan Yagüe
Miguel Cabanellas 
José Enrique Varela
Fidel Dávila Arrondo
Manuel Goded Llopis Executado
Manuel Hedilla
Manuel Fal Conde
Reino da Itália (1861–1946) Mario Roatta
Reino da Itália (1861–1946) Ettore Bastico
Alemanha Nazista Hugo Sperrle
Forças
Em 1936:[1]
  • +800 000 combatentes[2]
  • 31 navios
  • 12 submarinos
  • 13 000 marinheiros
Em 1938:[3]
  • 450 000 infantaria
  • 350 aviões
  • 200 tanques

59 380 voluntários internacionais
3 015 técnicos soviéticos
772 pilotos soviéticos
Em 1936:[4]
  • 58 000 exército
  • 68 500 policiais
  • 16 navios operacionais
  • 7 000 marinheiros[5]
Em 1938:[6]
  • 600 000 infantaria
  • 600 aviões
  • 290 tanques

Baixas
175 000 mortos em ação[7]
100–130 000 civis mortos dentro da zona Franquista[8]
110 000 mortos em ação[7]
50 000 civis mortos dentro da zona Republicana[9]
149 213 – 2 000 000 mortos no total.[10]

A Guerra Civil Espanhola, também denominada A Cruzada (em castelhano: La Cruzada) pelos nacionalistas, Quarta Guerra Carlista (Cuarta Guerra Carlista) pelos carlistas e A Rebelião (La Rebelión) ou Sublevação (Sublevación) pelos republicanos, foi um conflito armado ocorrido na Espanha entre 1936 e 1939. A guerra foi travada entre os republicanos, leais à Segunda República Espanhola, urbana e progressista, numa aliança de conveniência com os anarquistas e os comunistas, e os nacionalistas, uma aliança de falangistas, monarquistas, carlistas e católicos liderada pelo general Francisco Franco. Devido ao clima político internacional na época, a guerra teve muitas facetas, e diferentes pontos de vista a viram como uma luta de classes, uma guerra religiosa, uma luta entre ditadura e democracia republicana, entre revolução e contrarrevolução, entre fascismo e comunismo.[11] Os nacionalistas venceram a guerra no início de 1939 e governaram a Espanha até à morte de Franco em novembro de 1975. Estima-se que o conflito tenha vitimado pelo menos 500 mil pessoas (entre civis e combatentes, de ambos os lados).[12]

A guerra teve início na sequência de um pronunciamento (uma declaração de oposição militar) contra o governo republicano por parte de um grupo de generais das Forças Armadas da República Espanhola, inicialmente sob liderança de José Sanjurjo. O governo na época era constituído por uma coligação moderada e liberal de republicanos, apoiada nas Cortes por partidos comunistas e socialistas, sob a liderança do Presidente de centro-esquerda Manuel Azaña.[13][14] O grupo nacionalista era apoiado por uma série de grupos conservadores, incluindo a Confederação Espanhola de Direitas Autónomas (Confederación Española de Derechas Autónomas, ou CEDA), os monarquistas incluindo ambos os lados opostos dos afonsistas e dos conservadores religiosos carlistas e a FE de la JONS, um partido político fascista.[15] Sanjurjo morreu num acidente de aviação quando tentava regressar do exílio em Portugal, e Franco sucedeu-lhe como líder dos nacionalistas.

Em julho de 1936, as forças nacionalistas tentam levar a cabo um golpe de estado para depor o governo. Embora os nacionalistas tenham obtido o controlo de cidades como Pamplona, Burgos, Saragoça, Valladolid, Cádis, Córdova e Sevilha, várias cidades importantes como Madrid, Barcelona, Valência, Bilbau e Málaga mantiveram-se leais ao governo. A Espanha encontrava-se então dividida política e militarmente, com os nacionalistas e os republicanos a lutar entre si pelo controlo do país. As forças nacionalistas receberam munições, soldados e apoio aéreo da Alemanha Nazi e da Itália Fascista, enquanto as forças republicanas leais ao governo receberam apoio da União Soviética e do governo populista do México. Vários países, como o Reino Unido, França e os Estados Unidos, continuaram a reconhecer a legitimidade do governo republicano, mas seguiram uma política oficial de não-intervenção no conflito. Apesar disso, dezenas de milhares de cidadãos desses países tomaram parte no conflito. Eles lutaram na sua maioria nas Brigadas Internacionais pró-republicanas que também incluíam exilados de regimes nacionalistas.

Os nacionalistas avançaram a partir dos bastiões no sul e oeste, capturando a maior parte da costa norte da Espanha ao longo de 1937. Também cercaram Madrid e a região a sul e oeste durante a maior parte da guerra. Depois de grande parte da Catalunha ter sido capturada entre 1938 e 1939, e com as cidades de Barcelona e Madrid isoladas, a posição militar republicana tornou-se desesperada. Madrid e Barcelona foram ocupadas sem resistência. Franco declarou a vitória e o seu regime foi reconhecido pelo Reino Unido e pela França. Milhares de espanhóis de esquerda fugiram para campos de refugiados no sul da França. Aqueles associados com os republicanos derrotados foram perseguidos pelos nacionalistas vitoriosos. Com o estabelecimento de uma ditadura liderada pelo General Franco no rescaldo da guerra, todos os partidos de direita foram fundidos na estrutura do regime de Franco.[15]

A guerra tornou-se notável pelo fervor e polarização políticos que inspirou e pelas diversas atrocidades ocorridas, em ambos os lados. Purgas organizadas ocorreram nos territórios capturados pelas forças de Franco com o objetivo de consolidar o futuro regime.[16] Um número significativo de assassinatos também ocorreram em áreas controladas pelos republicanos,[17] sendo o Massacres de Paracuellos um dos mais tristemente célebres. Até que ponto as autoridades republicanas participaram de assassinatos em território republicano é objecto de debate.[18][19]


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  1. http://spartacus-educational.com/SParmyP.htm
  2. Larrazáhal, R. Salas. «Aspectos militares de la Guerra Civil española» 
  3. Thomas (1961). p. 491.
  4. The Nationalist Army
  5. Warships of the Spanish Civil War (1936–1939)
  6. Thomas (1961). p. 488.
  7. a b Sandler, Stanley (2002). Ground Warfare: An International Encyclopedia. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 160 
  8. Manuel Álvaro Dueñas, 2009, p. 126.
  9. Casanova 1999
  10. «Spanish judge opens case into Franco's atrocities». New York Times. Consultado em 28 de Julho de 2009 
  11. Juliá, Santos (1999). Un siglo de España. Política y sociedad. Madrid: Marcial Pons. ISBN 84-9537903-1  «Fue desde luego lucha de clases por las armas, en la que alguien podía morir por cubrirse la cabeza con un sombrero o calzarse con alpargatas los pies, pero no fue en menor medida guerra de religión, de nacionalismos enfrentados, guerra entre dictadura militar y democracia republicana, entre revolución y contrarrevolución, entre fascismo y comunismo»
  12. «Spanish judge opens case into Franco's atrocities». New York Times. Consultado em 28 de julho de 2009 
  13. Beevor (2006). p. 43
  14. Preston (2006). p. 84.
  15. a b Payne (1973). pp. 200–203.
  16. Beevor (2006). pág. 88.
  17. Beevor (2006). pp. 86–87.
  18. Beevor (2006). pp. 260–271.
  19. Julius Ruiz. El Terror Rojo (2011). pp. 200–211.

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