Haile Selassie I ou Hailé Selassié (em ge'ez: ቀዳማዊ ኀይለ ሥላሴ, romanizado: Qädamawi Ḫäylä Śəllase, lit. 'Poder da Trindade;[1] nascido Tafari Makonnen; Ejersa Goro, 23 de julho de 1892 – Adis Abeba, 27 de agosto de 1975)[2] foi Imperador da Etiópia de 1930 a 1974. Ele subiu ao poder como Regente Plenipotenciário da Etiópia (Enderase) da Imperatriz Zauditu de 1916 a 1930. Haile Selassie é amplamente considerado uma figura definidora da história moderna da Etiópia, e a figura principal do Rastafári, um movimento religioso na Jamaica que surgiu logo após ele se tornar imperador na década de 1930. Antes de subir ao poder, ele derrotou Ras Gugsa Welle Bitul (sobrinho da Imperatriz Taitu Bitul) de Begemder na Batalha de Anchem em 1928.[3][4] Ele era membro da Dinastia Salomônica, que afirma traçar sua linhagem até o imperador Menelique I, uma figura lendária que os pretendentes acreditam ser filho do rei Salomão e da Rainha de Sabá, a quem eles chamam de Makeda.
Haile Selassie tentou modernizar o país através de uma série de reformas políticas e sociais, incluindo a introdução da constituição de 1931, a sua primeira constituição escrita, e a abolição da escravatura. Ele liderou os esforços fracassados para defender a Etiópia durante a Segunda Guerra Ítalo-Etíope e passou a maior parte do período de ocupação italiana exilado no Reino Unido. Em 1940, viajou para o Sudão Anglo-Egípcio para ajudar na coordenação da luta antifascista na Etiópia e regressou ao seu país natal em 1941, após a campanha da África Oriental. Ele dissolveu a Federação da Etiópia e da Eritreia, que foi criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1950, e anexou a Eritreia à Etiópia como uma das suas províncias, enquanto lutava para evitar a secessão.[5]
As opiniões internacionalistas de Haile Selassie levaram a Etiópia a tornar-se membro fundador das Nações Unidas.[6] Em 1963, presidiu a formação da Organização da Unidade Africana, a precursora da União Africana, e serviu como seu primeiro presidente. O verdadeiro papel e as reais intenções de Haile Selassie na Organização da Unidade Africana têm sido objecto de controvérsia; afirma-se que ele pode ter trabalhado para sabotar a OUA a partir de dentro, em benefício dos seus aliados capitalistas ocidentais, numa "tentativa de flanquear o 'socialismo africano', agindo como um polo pró-americano na política continental".[7] No início da década de 1960, líderes africanos como Kwame Nkrumah, Sékou Touré e Ahmed Ben Bella imaginaram um "Estados Unidos da África" organizado segundo linhas socialistas. A retórica desta facção era antiocidental, e Haile Selassie viu isso como uma ameaça à aliança que ele tão previsivelmente construiu. Portanto, ele assumiu a responsabilidade de tentar influenciar uma postura mais moderada dentro do grupo.[8]
Em 1974, após a revolta popular de estudantes, camponeses, moradores urbanos, comerciantes, activistas políticos, grupos religiosos e étnicos marginalizados e o público em geral, foi deposto num golpe militar por uma junta marxista-leninista, o Derg. Em 27 de agosto de 1975, Haile Selassie foi assassinado por oficiais militares do Derg, fato que só foi revelado em 1994.[9][10]
Entre os devotos do movimento Rastafári, Haile Selassie é cultuado como o messias retornado da Bíblia, Deus encarnado. Apesar desta distinção, ele era cristão e aderiu aos princípios e à liturgia da Igreja Ortodoxa Etíope.[11][12] Ele foi criticado por alguns historiadores por sua supressão de rebeliões entre a aristocracia fundiária (a mesafint), que se opôs consistentemente às suas mudanças. Alguns críticos também criticaram o fracasso da Etiópia em se modernizar com rapidez suficiente.[13][14] Durante o seu governo o povo Harari foi perseguido e muitos deixaram a região de Harari[15][16] A sua administração também foi criticada por grupos de direitos humanos, como a Human Rights Watch, como autocrática e antiliberal.[14][17] Embora algumas fontes afirmem que no final de sua administração a língua Oromo foi proibida na educação, falar em público e ser usada na administração,[18][19][20] nunca houve uma lei oficial ou política governamental que criminalizasse qualquer língua.[21][22][23] O governo Haile Selassie transferiu vários Amharas para o sul da Etiópia, onde serviram na administração governamental, nos tribunais e na igreja.[24][25][26] Após a morte de Hachalu Hundessa em junho de 2020, o busto de Haile Selassie no Parque Cannizaro, em Londres, foi destruído por manifestantes Oromo, e um monumento equestre representando o pai do imperador, Makonnen Wolde Mikael, em Harar foi removido.[27][28][29]