Haile Selassie

 Nota: "Ras Tafari" redireciona aqui. Para a religião, veja Rastafari.
 Nota: Não confundir com Haile Gebrselassie, nem com Haile Selassie Gugsa.
Haile Selassie I
ቀዳማዊ ኀይለ ሥላሴ
Negusa Nagast
Haile Selassie
Haile Selassie com o uniforme cerimonial completo de Marechal de Campo, 1970
Imperador da Etiópia
Reinado 2 de abril de 193012 de setembro de 1974[a]
Coroação 2 de novembro de 1930
Antecessor(a) Zauditu
Sucessor(a) Amha Selassie
Regente Plenipotenciário da Etiópia
Período 27 de setembro de 19162 de abril de 1930
Predecessor(a) Tessema Nadew
Sucessor(a) Kirubel Abraham
Monarca Zauditu
Ministro-Chefe da Etiópia
Período 12 de dezembro de 19261 de maio de 1936
Predecessor(a) Habte Giyorgis Dinagde
Sucessor(a) Wolde Tzaddick
1º e 5º Presidente da Organização da Unidade Africana
Período 25 de maio de 196317 de julho de 1964
Sucessor(a) Gamal Abdel Nasser
Período 5 de novembro de 196611 de setembro de 1967
Predecessor(a) Joseph Arthur Ankrah
Sucessor(a) Mobutu Sese Seko
 
Nascimento 23 de julho de 1892
  Ejersa Goro, Hararghe, Império Etíope
Morte 27 de agosto de 1975 (83 anos)
  Palácio do Jubileu, Adis Abeba, Etiópia
Sepultado em 5 de novembro de 2000
Catedral da Santíssima Trindade, Adis Abeba, Etiópia
Nome de nascimento Lij Tafari Makonnen
(Täfäri Mäkonnän)
Cônjuge Menen Asfaw
Casa Casa de Shewa
Dinastia Salomônica
Pai Makonnen Wolde Mikael
Mãe Yeshimebet Ali
Religião Tewahedo Ortodoxo Etíope
Assinatura Assinatura de Haile Selassie I ቀዳማዊ ኀይለ ሥላሴ
Brasão

Haile Selassie I ou Hailé Selassié (em ge'ez: ቀዳማዊ ኀይለ ሥላሴ, romanizado: Qädamawi Ḫäylä Śəllase, lit. 'Poder da Trindade;[1] nascido Tafari Makonnen; Ejersa Goro, 23 de julho de 1892 – Adis Abeba, 27 de agosto de 1975)[2] foi Imperador da Etiópia de 1930 a 1974. Ele subiu ao poder como Regente Plenipotenciário da Etiópia (Enderase) da Imperatriz Zauditu de 1916 a 1930. Haile Selassie é amplamente considerado uma figura definidora da história moderna da Etiópia, e a figura principal do Rastafári, um movimento religioso na Jamaica que surgiu logo após ele se tornar imperador na década de 1930. Antes de subir ao poder, ele derrotou Ras Gugsa Welle Bitul (sobrinho da Imperatriz Taitu Bitul) de Begemder na Batalha de Anchem em 1928.[3][4] Ele era membro da Dinastia Salomônica, que afirma traçar sua linhagem até o imperador Menelique I, uma figura lendária que os pretendentes acreditam ser filho do rei Salomão e da Rainha de Sabá, a quem eles chamam de Makeda.

Haile Selassie tentou modernizar o país através de uma série de reformas políticas e sociais, incluindo a introdução da constituição de 1931, a sua primeira constituição escrita, e a abolição da escravatura. Ele liderou os esforços fracassados para defender a Etiópia durante a Segunda Guerra Ítalo-Etíope e passou a maior parte do período de ocupação italiana exilado no Reino Unido. Em 1940, viajou para o Sudão Anglo-Egípcio para ajudar na coordenação da luta antifascista na Etiópia e regressou ao seu país natal em 1941, após a campanha da África Oriental. Ele dissolveu a Federação da Etiópia e da Eritreia, que foi criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1950, e anexou a Eritreia à Etiópia como uma das suas províncias, enquanto lutava para evitar a secessão.[5]

As opiniões internacionalistas de Haile Selassie levaram a Etiópia a tornar-se membro fundador das Nações Unidas.[6] Em 1963, presidiu a formação da Organização da Unidade Africana, a precursora da União Africana, e serviu como seu primeiro presidente. O verdadeiro papel e as reais intenções de Haile Selassie na Organização da Unidade Africana têm sido objecto de controvérsia; afirma-se que ele pode ter trabalhado para sabotar a OUA a partir de dentro, em benefício dos seus aliados capitalistas ocidentais, numa "tentativa de flanquear o 'socialismo africano', agindo como um polo pró-americano na política continental".[7] No início da década de 1960, líderes africanos como Kwame Nkrumah, Sékou Touré e Ahmed Ben Bella imaginaram um "Estados Unidos da África" organizado segundo linhas socialistas. A retórica desta facção era antiocidental, e Haile Selassie viu isso como uma ameaça à aliança que ele tão previsivelmente construiu. Portanto, ele assumiu a responsabilidade de tentar influenciar uma postura mais moderada dentro do grupo.[8]

Em 1974, após a revolta popular de estudantes, camponeses, moradores urbanos, comerciantes, activistas políticos, grupos religiosos e étnicos marginalizados e o público em geral, foi deposto num golpe militar por uma junta marxista-leninista, o Derg. Em 27 de agosto de 1975, Haile Selassie foi assassinado por oficiais militares do Derg, fato que só foi revelado em 1994.[9][10]

Entre os devotos do movimento Rastafári, Haile Selassie é cultuado como o messias retornado da Bíblia, Deus encarnado. Apesar desta distinção, ele era cristão e aderiu aos princípios e à liturgia da Igreja Ortodoxa Etíope.[11][12] Ele foi criticado por alguns historiadores por sua supressão de rebeliões entre a aristocracia fundiária (a mesafint), que se opôs consistentemente às suas mudanças. Alguns críticos também criticaram o fracasso da Etiópia em se modernizar com rapidez suficiente.[13][14] Durante o seu governo o povo Harari foi perseguido e muitos deixaram a região de Harari[15][16] A sua administração também foi criticada por grupos de direitos humanos, como a Human Rights Watch, como autocrática e antiliberal.[14][17] Embora algumas fontes afirmem que no final de sua administração a língua Oromo foi proibida na educação, falar em público e ser usada na administração,[18][19][20] nunca houve uma lei oficial ou política governamental que criminalizasse qualquer língua.[21][22][23] O governo Haile Selassie transferiu vários Amharas para o sul da Etiópia, onde serviram na administração governamental, nos tribunais e na igreja.[24][25][26] Após a morte de Hachalu Hundessa em junho de 2020, o busto de Haile Selassie no Parque Cannizaro, em Londres, foi destruído por manifestantes Oromo, e um monumento equestre representando o pai do imperador, Makonnen Wolde Mikael, em Harar foi removido.[27][28][29]

  1. Gates, Henry Louis, and Anthony Appiah, Africana: The Encyclopedia of the African and African American Experience. 1999, p. 902.
  2. Page, Melvin Eugene; Sonnenburg, Penny M. (2003). Colonialism: an international, social, cultural, and political encyclopedia. 1. [S.l.]: ABC-CLIO. ISBN 978-1-57607-335-3 
  3. Erlich, Haggai (2002), The Cross and the River: Ethiopia, Egypt, and the Nile.
  4. Murrell, p. 148
  5. Ewing, William H.; Abdi, Beyene (1972). Consolidated Laws of Ethiopia Vol. I. Addis Ababa: The Faculty of Law Haile Sellassie I University. pp. 45–46 
  6. Karsh, Efraim (1988), Neutrality and Small States. Routledge. ISBN 0-415-00507-8, p. 112.
  7. Horst, Ian Scott (2020). Like Ho Chi Minh! Like Che Guvara! The Revolutionary Left in Ethiopia, 1969–1979. Paris, France: Foreign Languages Press. 368 páginas. ISBN 978-2-491182-27-4 
  8. KELLER, EDMOND J. (1988). REVOLUTIONARY ETHIOPIA, From Empire to People's Republic. Bloomington and Indianapolis: INDIANA UNIVERSITY PRESS. 92 páginas 
  9. Salvano, Tadese Tele (2018). የደረግ አነሳስና (የኤርትራና ትግራይ እንቆቅልሽ ጦርነት). [S.l.]: Tadese Tele Salvano. pp. 81–97. ISBN 978-0-7915-9662-3 
  10. «Ethiopian Court Hears How Emperor Was Killed». The Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 6 Nov 2018. Arquivado do original em 31 Dez 2017 
  11. Nov 2, 1930 CE: Haile Selassie Becomes Emperor of Ethiopia Arquivado em 23 março 2024 no Wayback Machine National Geographic
  12. Barrett, Leonard E. (1988). The Rastafarians. [S.l.]: Beacon Press. ISBN 978-0-8070-1039-6 
  13. Meredith, Martin (2005), The Fate of Africa: From the Hopes of Freedom to the Heart of Despair.
  14. a b «Rebellion and Famine in the North under Haile Selassie» (PDF). Human Rights Watch. Consultado em 17 Fev 2008. Arquivado do original (PDF) em 24 Set 2015 
  15. History of Harar and Hararis (PDF). [S.l.: s.n.] pp. 141–144. Consultado em 3 Dez 2017. Cópia arquivada (PDF) em 3 Out 2020 
  16. Feener, Michael (2004). Islam in World Cultures: Comparative Perspectives. [S.l.]: ABC-CLIO. ISBN 978-1-57607-516-6. Consultado em 23 Fev 2017 
  17. Dimbleby, Jonathan (8 Dez 1998), «Feeding on Ethiopia's Famine», UK, The Independent, consultado em 29 Ago 2017, cópia arquivada em 13 Out 2019  (taken from Chapter 3 of Evil Days: Thirty Years of War and Famine in Ethiopia Alexander de Waal (Africa Watch, 1991))
  18. Davey, Melissa (13 Fev 2016), «Oromo children's books keep once-banned Ethiopian language alive», The Guardian, consultado em 14 Fev 2016, cópia arquivada em 14 Fev 2016 
  19. Language & Culture (PDF), cópia arquivada (PDF) em 9 Out 2022 
  20. ETHIOPIANS: AMHARA AND OROMO, Jan 2017, consultado em 11 Fev 2021, cópia arquivada em 19 Abr 2021 
  21. Bender, M. L. (1976). Language in Ethiopia. London: Oxford University Press. pp. 187–190. ISBN 978-0-19-436102-6 
  22. Scholler, Heinrich; Brietzke, Paul H. (1976). Ethiopia: Revolution, Law and Politics. Munich: Weltforum-Verlag. 154 páginas. ISBN 3-8039-0136-7 
  23. Ewing, William H.; Abdi, Beyene (1972). Consolidated Laws of Ethiopia Vol. II. Addis Ababa: The Faculty of Law Haile Sellassie I University 
  24. OROMO CONTINUE TO FLEE VIOLENCE, Set 1981, consultado em 17 Fev 2021, cópia arquivada em 12 Abr 2021 
  25. Country Information Report ethiopia, 12 Ago 2020, consultado em 17 Fev 2021, cópia arquivada em 11 Jul 2013 
  26. Ethiopia. Status of Amharas, 1 Mar 1993, consultado em 17 Fev 2021, cópia arquivada em 25 Jan 2021 
  27. «Haile Selassie: Statue of former Ethiopian leader destroyed in London park». BBC News. 2 Jul 2020. Consultado em 17 Fev 2021. Arquivado do original em 14 Jun 2021 
  28. «Deadly protests erupt after Ethiopian singer killed». BBC News. 30 Jun 2020. Consultado em 1 Jul 2020. Arquivado do original em 30 Jun 2020 
  29. Ethiopians Angered At Singer's Death Topple Statue, 30 Jun 2020, consultado em 30 Jun 2020, cópia arquivada em 15 Dez 2020 

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