Islamofobia

Islamofobia é uma forma de discriminação em relação aos muçulmanos ou ao Islamismo⁣,[1][2] considerado também uma forma de racismo[3][4][5][6] ou intolerância religiosa [1] [2] . Expresse através do medo, ódio ou intolerância, bem como de sentimentos de repugnância, satanização[7][8] ou de repúdio para com os muçulmanos, suas práticas religiosas, ou contra o Islamismo⁣, em geral.[1]

Este tipo de aversão tem crescido, sobretudo nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa, Índia e em Israel. Devido à intensificação do populismo de direita e extrema-direita como reação à presença crescente de população muçulmana,[9][10] revela-se a produção massiva de desinformação, notícias falsas (fake news), e discurso de ódio à comunidade muçulmana, no seu todo,[11] o que também pode ser visto por alguns investigadores como um modo de extremismo e radicalização.[12][13][14][15]

Por outro lado, a também radicalização de uma minoria muçulmana[16] como canalização do medo às diferenças culturais e religiosas, ou como preservação identitária, encaminha-os ao fundamentalismo islâmico, com o enaltecimento de ações violentas e perpetração de atentados terroristas, inclusivamente em países árabes. É nestes que ocorrem maioritariamente estes ataques, que não sendo noticiados no “ocidente”,[17] também não são apoiados pela maioria da população local em países muçulmanos, tal como sucede, por exemplo, com a Al-Qaeda, ou o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS).[18] Pelo contrário, os ataques realizados no “ocidente”, são amplamente noticiados e divulgados, enfatizando as suas características truculentas.[19]

O termo “islamofobia” aparece pela primeira vez na França na década de 1910, escrito como “islamophobie”, por Alain Quellien,[20] reaparecendo principalmente a partir da década de 1970, sempre delineado como um enraizado repúdio aos muçulmanos e ao islamismo.[21] O termo “islamofobia” ganhou notoriedade num relatório de 1997 do Runnymede Trust, que chamou a atenção para esta forma de preconceito como um grave problema social.[22]

Cabe destacar que a discriminação face à comunidade muçulmana, no seu conjunto, aumentou exponencialmente após os ataques de 11 de setembro de 2001, ocorridos nos Estados Unidos,[23][24] apesar dos esforços da Organização das Nações Unidas para o reconhecimento formal da islamofobia, estabelecendo assim preconceitos, discriminações e ódios antimuçulmanos e anti-islâmicos, e colocando-os ao lado de outros fenómenos igualmente discriminatórios e excludentes, como o antissemitismo e o anticiganismo.[25][26]

  1. a b * Sandra Fredman, Discrimination and Human Rights, Oxford University Press, ISBN 0-19-924603-3, p.121.
    • Yvonne Yazbeck Haddad, Muslims in the West: From Sojourners to Citizens, Oxford University Press, ISBN 0-19-514806-1, p.19
    • Islamophobia: A Challenge for Us All, Runnymede Trust, 1997, p. 1, cited in Quraishi, Muzammil. Muslims and Crime: A Comparative Study, Ashgate Publishing Ltd., 2005, p. 60. ISBN 0-7546-4233-X. Early in 1997, the Commission on British Muslims and Islamophobia, at that time part of the Runnymede Trust, issued a consultative document on Islamophobia under the chairmanship of Professor Gordon Conway, Vice-Chancellor of the University of Sussex. The final report, Islamophobia: A Challenge for Us All, was launched in November 1997 by Home Secretary Jack Straw
  2. Scott, John (21 de maio de 2015). «Islamophobia». Oxford University Press (em inglês). ISBN 978-0-19-968358-1. doi:10.1093/acref/9780199683581.001.0001/acref-9780199683581-e-2536. Consultado em 12 de outubro de 2024 
  3. Streeting, Wes (15 de maio de 2019). «Yes, Islamophobia is a type of racism. Here's why». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 12 de outubro de 2024 
  4. «Islamophobia». European Network Against Racism (em inglês). Consultado em 12 de outubro de 2024 
  5. Allen, Chris (27 de novembro de 2018). «Why UK's working definition of Islamophobia as a 'type of racism' is a historic step». The Conversation (em inglês). Consultado em 12 de outubro de 2024 
  6. Global Islamophobia and the Rise of Populism (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. 23 de maio de 2024 
  7. «'Terrorism' database cites 'Islamophobic' sources in Muslim profiles». Middle East Eye (em inglês). Consultado em 20 de maio de 2021 
  8. Bernard Lewis, The Crisis of Islam: Holy War and Unholy Terror. Op. cit., pp. 41-54.).
  9. «Global Islamophobia and the Rise of Populism». Oxford University Press. 2024. Consultado em 12 de outubro de 2024 
  10. Poole, Elizabeth; Williamson, Milly (fevereiro de 2023). «Disrupting or reconfiguring racist narratives about Muslims? The representation of British Muslims during the Covid crisis». Journalism (em inglês) (2): 262–279. ISSN 1464-8849. doi:10.1177/14648849211030129. Consultado em 12 de outubro de 2024 
  11. «Anti-Muslim cases surge in UK since Hamas attacks, charity finds» (em inglês). 22 de fevereiro de 2024. Consultado em 13 de outubro de 2024 
  12. «EUIdeas | Islamophobia in Spain on the rise: What is the role of right-wing extremists?». euideas.eui.eu. Consultado em 13 de outubro de 2024 
  13. Jones, Marc Owen. «Analysis: Why is so much anti-Palestinian disinformation coming from India?». Al Jazeera (em inglês). Consultado em 13 de outubro de 2024 
  14. Andrés, Rafael Ruiz; Sajir, Zakaria (2023). «Desinformación e islamofobia en tiempos de infodemia. Un análisis sociológico desde España». Revista internacional de sociología (3). 6 páginas. ISSN 0034-9712. Consultado em 13 de outubro de 2024 
  15. «Islamophobia, Security Narratives and Countering Violent Extremism: Dangerous Liaisons». www.iemed.org (em espanhol). Consultado em 13 de outubro de 2024 
  16. «Polls Show Most Muslims Reject Both Extremism and Islamic Reform | The Washington Institute». www.washingtoninstitute.org (em inglês). Consultado em 12 de outubro de 2024 
  17. Cordesman, Anthony H. (17 de outubro de 2017). «Islam and the Patterns in Terrorism and Violent Extremism» (em inglês). Consultado em 13 de outubro de 2024 
  18. Pollock, David (14 de Outubro de 2014). «ISIS Has Almost No Popular Support in Egypt, Saudi Arabia, or Lebanon». The Washington Institute (em inglês) 
  19. Bukar, Abubakar A. (2020). «The Political Economy of Hate Industry: Islamophobia in the Western Public Sphere». Islamophobia Studies Journal (2): 152–174. ISSN 2325-8381. doi:10.13169/islastudj.5.2.0152. Consultado em 13 de outubro de 2024 
  20. GRAFF, Valentin; BANET, Rémi (27 de outubro de 2018). «Non, le terme "islamophobie" n'a pas été "créé par l'ayatollah Khomeini"». AFP Factuel - Agence France-Presse. Consultado em 12 de outubro de 2024 
  21. Santos, Priscila Silva dos. O Estudo da Islamofobia através dos meios de comunicação. Revista Habitus:revista eletrônica dos alunos de graduação em Ciências Sociais - IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 79-90,10 de nov. 2016. Semestral. Disponível em:<https://revistas.ufrj.br/index.php/habitus/article/viewFile/11477/8427>
  22. Ernst, C. (20 de março de 2013). Islamophobia in America: The Anatomy of Intolerance (em inglês). [S.l.]: Springer 
  23. «Decades after 9/11, Muslims battle Islamophobia in US». Al Jazeera (em inglês). Consultado em 12 de outubro de 2024 
  24. Mohamed, Besheer (1 de setembro de 2021). «Muslims are a growing presence in U.S., but still face negative views from the public». Pew Research Center (em inglês). Consultado em 12 de outubro de 2024 
  25. «PREVENTING VIOLENT EXTREMISM THROUGH PROMOTING INCLUSIVE DEVELOPMENT, TOLERANCE AND RESPECT FOR DIVERSITY» (PDF). United Nations Development Programme. 2016. Consultado em 13 de outubro de 2024 
  26. Allen, Christopher (1 de julho de 2004). «Justifying Islamophobia: A Post-9/11 Consideration of the European Union and British Contexts». American Journal of Islam and Society (em inglês) (3): 1–25. ISSN 2690-3741. doi:10.35632/ajis.v21i3.505. Consultado em 13 de outubro de 2024 

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