Jornalismo investigativo, de investigação ou reportagem investigativa refere-se à prática de reportagem especializada em desvendar mistérios e fatos ocultos do conhecimento público, especialmente crimes e casos de corrupção, que podem eventualmente virar notícia. Em muitos casos, os jornalistas investigativos são questionados sobre os métodos utilizados na prática profissional. Um exemplo é o uso de câmera oculta, embora na Europa e no Brasil seja uma prática assegurada por lei.[1]
A história do jornalismo investigativo é marcada por conflitos políticos e perigosos.[2] O jornalismo investigativo é conhecido, especialmente, por desvendar atos ilícitos, divulgar informações que poderes públicos pretendem esconder, mostrar como funcionam esses órgãos e relatar aos eleitores sobre o desempenho dos políticos.[3]
O Código de Ética dos Jornalistas assegura o direito ao profissional de divulgar qualquer informação que seja de interesse público.[4] No entanto, há conflito quando se restringe a divulgação da imagem (rosto) de qualquer pessoa envolvida na investigação, tendo sido utilizado contra os jornalistas em processos judicias, no Brasil tendo sido de entendimento do Superior Tribunal de Justiça em um caso específico, de que a liberdade de imprensa não é um direito absoluto.[5]
Um dos marcos do jornalismo investigativo é o Caso Watergate, quando dois repórteres do jornal The Washington Post foram incansáveis em uma investigação que retirou do poder o ex-presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.[6]
O jargão jornalístico para notícias publicadas em primeira mão é "furo", que é muitas vezes fruto do trabalho do jornalismo investigativo.[7] Alberto Dines, comentando sobre a imprensa, declarou que "Todo jornalismo é investigativo, ou não é jornalismo. Donde se conclui que o que lemos, ouvimos e vemos todos os dias na imprensa não é jornalismo".[8]
A reportagem investigativa se refere a uma prática jornalística particular cujo processo se diferencia das rotinas de trabalho convencionais pela pesquisa aprofundada, além do método de apuração, técnicas e recursos específicos. Distingue-se ainda pelo tema pautado, por seu conteúdo final (às vezes até no formato), como produto, narrativa, discurso, isto é, produz um conhecimento diferenciado.[9] Uma forma diferente de compreendê-la prioriza as consequências causadas a partir da divulgação do trabalho, em detrimento dos métodos escolhidos.[10] Este tipo de reportagem está relacionado a uma ideia de “jornalismo da indignação”, defendida pelo pesquisador norte-americano David Process e enfatiza o impacto provocado com a divulgação em vez necessariamente dos procedimentos. Nesta abordagem, a preocupação maior estaria com a relação entre o jornalismo, a opinião pública e a formulação de políticas públicas.[11]
Pela possibilidade de aperfeiçoamento democrático, a reportagem investigativa reúne as mais altas expectativas sobre o trabalho das organizações jornalísticas. Por vezes também chamada de “reportagem especial” ou “grande reportagem”, esta prática passou a ser denominada como reportagem investigativa a partir dos anos 1970, com a criação nos Estados Unidos do investigative journalism, o “jornalismo investigativo". Este tipo de reportagem pode ser encontrado nas páginas dos jornais brasileiros desde meados da década de 1970.[12] Por serem produções de fôlego que procuram a mais completa versão da realidade,[13] caracterizam-se por ser resultado de uma atividade coletiva. Todo o processo que envolve o trabalho, da sugestão de pauta à edição do material, costuma contar com o envolvimento de diferentes profissionais, entre repórteres, fotógrafos(as), designers, além de consultoria para retaguarda jurídica.
O tempo de duração, normalmente mais alongado se comparado aos outros formatos jornalísticos, também costuma ser atribuído como um dos elementos diferenciais, assim como a complexidade da produção e das circunstâncias envolvidas.[14]