Protestantismo

Porta exibindo as 95 teses na Igreja do Castelo de Vitemberga. Segundo a tradição, em 1517 Martinho Lutero pregou suas teses nesta porta, dando início à Reforma Protestante

Protestantismo é uma forma de cristianismo que se originou com a Reforma Protestante do século XVI, um movimento contra o que seus seguidores consideravam erros da Igreja Católica.[1] Os protestantes rejeitam a doutrina católica romana da supremacia papal e dos sacramentos, mas discordam entre si quanto à presença real de Jesus na Eucaristia e em questões de política eclesiástica e sucessão apostólica.[2] Eles enfatizam o sacerdócio de todos os crentes; a justificação somente pela fé (sola fide) em vez de boas obras; o ensino de que a salvação vem pela graça divina ou "favor imerecido" apenas, não como algo merecido (sola gratia); e afirmar a Bíblia como sendo a única autoridade máxima (sola scriptura ou apenas a escritura), em vez de também com a tradição sagrada.[3] Os cinco solae resumem as diferenças teológicas básicas em oposição à Igreja Católica.[4]

O protestantismo começou na Alemanha em 1517, quando Martinho Lutero publicou suas Noventa e cinco teses como uma reação contra os abusos na venda de indulgências pela Igreja Católica, que pretendia oferecer a remissão da pena temporal de pecados para seus compradores.[2] O termo, entretanto, deriva da carta de protesto dos príncipes luteranos alemães em 1529 contra um édito da Dieta de Speyer condenando os ensinamentos de Martinho Lutero como heréticos.[5] Embora tenha havido rupturas anteriores e tentativas de reformar a Igreja Católica — notadamente por Pedro Valdo, John Wycliffe e Jan Hus —, apenas Lutero conseguiu desencadear um movimento mais amplo, duradouro e moderno.[6] No século XVI, o luteranismo se espalhou da Alemanha para a Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Letônia, Estônia e Islândia.[7] As igrejas calvinistas se espalharam na Alemanha, Hungria, Países Baixos, Escócia, Suíça e França por reformadores protestantes como João Calvino, Huldrych Zwingli e John Knox.[8] A separação política da Igreja da Inglaterra do papa sob o reinado de Henrique VIII deu início ao anglicanismo, trazendo a Inglaterra e o País de Gales para este amplo movimento de reforma.[9]

Hoje, o protestantismo constitui a segunda maior forma de cristianismo (depois do catolicismo), com um total de 800 milhões até 1 bilhão de adeptos em todo o mundo ou cerca de 37% de todos os cristãos.[10][11] Os protestantes desenvolveram sua própria cultura, com grandes contribuições na educação, nas humanidades e nas ciências, na ordem política e social, na economia e nas artes e em muitos outros campos.[12] O protestantismo é diverso, estando mais dividido teológica e eclesiasticamente do que a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa ou a Ortodoxia Oriental.[13] Sem unidade estrutural ou autoridade humana central, protestantes desenvolveram o conceito de uma igreja invisível, em contraste com a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa Oriental, as Igrejas Ortodoxas Orientais, a Igreja Assíria do Oriente e a Igreja Antiga do Oriente, que todos se entendem como a única igreja original — a "única igreja verdadeira" —fundada por Jesus Cristo. Algumas denominações têm alcance e distribuição mundial, enquanto outras estão confinadas a um único país. A maioria dos protestantes são membros de um punhado de famílias denominacionais: adventistas, anabatistas, anglicanos/episcopais, batistas, calvinistas/reformados,[14] luteranos, metodistas, morávios/hussitas, pentecostais, quakers e valdenses. Igrejas não denominacionais, carismáticas, evangélicas, independentes e outras estão em ascensão e constituem uma parte significativa do protestantismo.[15][16]

  1. «Protestant – Definition of Protestant in English by Oxford Dictionaries». Oxford Dictionaries – English 
  2. a b Dixon, C. Scott (2010). Protestants: A History from Wittenberg to Pennsylvania 1517–1740. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 9781444328110 – via Google Books 
  3. Faithful, George (2014). Mothering the Fatherland: A Protestant Sisterhood Repents for the Holocaust. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780199363476 – via Google Books 
  4. Voerding, Philip (2009). The Trouble with Christianity. [S.l.]: AuthorHouse. ISBN 9781438989440 – via Google Books 
  5. Oxford Dictionary of the Christian Church (1974) art. "Speyer (Spires), Diets of"
  6. Watson, James (2014). Religious Thoughts. [S.l.]: iUniverse. ISBN 9781491737590 – via Google Books 
  7. Gassmann, Günther; Larson, Duane H.; Oldenburg, Mark W. (2001). Historical Dictionary of Lutheranism. [S.l.]: Scarecrow Press. ISBN 9780810866201 – via Google Books 
  8. Kuyper, Abraham (1899). Calvinism. [S.l.]: Primedia E-launch LLC. ISBN 9781622090457 – via Google Books 
  9. Neill, Stephen. Anglicanism Pelican 1960, pp. 170; 259–60)
  10. «Pewforum: Grobal Christianity» (PDF). Consultado em 14 de maio de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 1 de novembro de 2013 
  11. «Christianity 2015: Religious Diversity and Personal Contact» (PDF). gordonconwell.edu. Janeiro de 2015. Consultado em 29 de maio de 2015. Cópia arquivada (PDF) em 25 de maio de 2017 
  12. Karl Heussi, Kompendium der Kirchengeschichte, 11. Auflage (1956), Tübingen (Germany), pp. 317–319, 325–326
  13. Hillerbrand, Hans J. (2004). Encyclopedia of Protestantism: 4-volume Set. [S.l.]: Routledge. ISBN 9781135960285 – via Google Books 
  14. Hägglund, Bengt (2007). Teologins Historia [History of Theology] (em alemão). Translated by Gene J. Lund Fourth Revised ed. Saint Louis: Concordia Publishing House 
  15. World Council of Churches: Evangelical churches
  16. Juergensmeyer, Mark (2005). Religion in Global Civil Society. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780198040699 – via Google Books 

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