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Teosofia refere-se a um conjunto de doutrinas filosóficas, místicas, ocultistas e especulativas[1] que buscam o conhecimento direto dos mistérios presumidos da vida e da natureza, da divindade e da origem e propósito do universo. Esta escola mística/movimento iniciático propõe que todas as religiões surgiram a partir de ensinamentos de tronco comum, que foram, de certa forma, recombinando e permutando, nas suas diversas mutações e encarnações, e que, apesar de comungarem de um tronco comum, acabam muitas vezes por deturpar os ensinamentos da doutrina original.[2] A teosofia é considerada parte do esoterismo ocidental, que acredita que o conhecimento escondido ou a sabedoria do passado antigo oferece um caminho para a iluminação e a salvação, tendo base nos ensinamentos de Jakob Boehme, Friedrich Cristoph Oetinger, Paracelsus, Emanuel Swedenborg e Louis Claude de Saint-Martin assim como a Kabbalah Judaica. De notar que quando colocamos a teosofia nestes termos estamo-nos a referir a todo e qualquer movimento que tenha surgido no pré-Blavatskismo, estando, portanto, conotado com o movimento de gnose cristã do século XVI, XVIII e XIX.
A origem etimológica do termo teosofia vem do grego clássico θεοσοφία, que combina theos (θεός), "Deus" e sophia (σοφία), "sabedoria", que significa "sabedoria divina", remontando assim para uma dimensão conotada com o universo do neoplatonismo (quer o movimento do século XVI, iniciado sobretudo a partir de Itália, quer o movimento do século XIX, iniciado sobretudo na Alemanha). A partir do final do século XIX, o termo teosofia geralmente foi usado para se referir às doutrinas religioso-filosóficas da Sociedade Teosófica, fundadas em Nova York em 1875 por Helena Blavatsky, William Quan Judge e Henry Steel Olcott. O trabalho principal de Blavatsky, A Doutrina Secreta (1888), foi uma das obras fundamentais da teosofia moderna.[3]
A partir de 2015, membros de organizações oriundas ou relacionadas à Sociedade Teosófica atuavam em mais de 52 países ao redor do mundo.[a] Constitui um movimento eclético, que partilha de bases comuns em correntes como o cristianismo, budismo e hinduísmo, e que viriam a dar origem a toda uma série de movimentos espiritualistas de carimbo gnóstico do final do século XIX. A teosofia moderna desempenhou um papel significativo em levar o conhecimento das religiões do sul da Ásia para os países ocidentais, bem como no incentivo ao orgulho cultural em várias nações do sul da Ásia. Uma variedade de artistas e escritores proeminentes também foi influenciada pelos ensinamentos teosóficos. A teosofia tem seguidores internacionais e, durante o século XX, teve dezenas de milhares de adeptos. As ideias teosóficas também exerceram influência em uma ampla gama de outros movimentos e filosofias esotéricas, entre eles a Antroposofia de Rudolf Steiner, a Nova Era, a metafísica cristã de Conny Méndez, a Escola Arcana de Alice Bailey, a Fundação Krishnamurti e correntes relacionadas com as doutrinas orientalistas sobre níveis de ascensão (Mestres Ascendidos).[4]
Contudo, existem diferenças substanciais entre o movimento de gnose espiritualista cristã dos séculos XVI-XVIII e aquilo que viria a ser a doutrina sincrética de Helena Blavatski, quase comparáveis à diferença entre o movimento rosacruciano ortodoxo, e depois encarnações que este viria a ter mais tarde como é o caso da Ordo Templi Orientis ou da Ordem Hermética da Aurora Dourada, movimentos com conotações substancialmente diferentes dos originais. No caso da teosofia a semelhança mantém-se na ideia de transmigração da alma e no conceito de metempsicose que é aceite quer por pelo movimento da teosofia cristã, quer pela síntese de Blavatski, com nuances. Convém referir que a ideia latente em metempsicose difere em sobremaneira da ideia de reencarnação.
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