Transfeminismo é uma corrente do feminismo voltada especialmente às questões da transgeneridade. O transfeminismo nasce da aplicação de conceitos e pautas relacionadas à transgeneridade ao discurso feminista, e do discurso feminista sobre os conceitos da transgeneridade. Suas raízes são difusas e variam a depender da autoria, incluindo aproximações com o feminismo negro, trazendo como um de seus conceitos centrais a interseccionalidade, assim como a teoria queer e os estudos de gênero.
O transfeminismo, ou feminismo transgênero, é tanto como uma filosofia quanto como uma práxis acerca das identidades trans, que visa a transformação dos feminismos a partir de uma crítica fundamental à biologização do conceito de gênero, reconhecendo que confundir sexo biológico e gênero corresponde a somente considerar mulheres cisgênero como mulheres, e homens cisgênero como homens, excluindo assim mulheres e homens transgênero, assim como identidades não-binárias e intersexo.[1]
O transfeminismo é a aplicação dos discursos e dos pensamentos feministas para um discurso que inclua as pessoas trans. Significa também o estabelecimento do transfeminismo dentro do feminismo tradicional, com algumas questões específicas que se aplicam a pessoas trans (transexuais, transgêneros e travestis), mas com boa parte das questões podendo ser relevantes a todas as mulheres.
Nas últimas décadas a ideia de que todas as mulheres passam por uma experiência comum tem sido criticada por mulheres negras, lésbicas, indígenas, com deficiência e de baixa renda, citando apenas algumas. Mulheres trans estão questionando também o que significa ser uma mulher, e estão desafiando a ideia de gênero como um fato biológico. Insistem que suas experiências como mulheres sejam reconhecidas como parte da causa feminista.
O transfeminismo engloba todos os grandes temas da terceira onda do feminismo. O transfeminismo não é apenas a fusão das questões trans no feminismo, é uma análise crítica da segunda onda do feminismo pela perspectiva da terceira onda. O transfeminismo critica as principais noções de masculinidade hegemônica e argumenta que as mulheres precisam de direitos iguais.
Como parte dos estudos de gênero, análises transfeministas tem proposto o entendimento das questões de gênero sem viéses biologizantes, que confundam a construção e o estabelecimento social das condições de vida de homens e mulheres com a sua constituição biológica.
O transfeminismo é um conceito relativamente novo, ainda cercado de desinformações, mas que vem se desenvolvendo teoricamente a partir do trabalho de alguns pensadores e pesquisadores, e tem crescido e sendo assimilado ao discurso feminino oficial na medida em que mais e mais mulheres trans reivindicam e participam de atividades, grupos, eventos e encontros feministas. Algumas mulheres trans brasileiras cujo pensamento e atuação pública têm sido significativos para o transfeminismo: Jaqueline Gomes de Jesus, Dodi Leal, Neon Cunha, Amara Moira e Laerte Coutinho.[2]