Depressão | |
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Vincent van Gogh, que sofria de depressão e cometeu suicídio, pintou esse quadro em 1890, de um homem que emblematiza o desespero e a falta de esperança sentida na depressão. | |
Sinónimos | Perturbação depressiva major, transtorno depressivo major, depressão clínica, depressão major, depressão unipolar, perturbação unipolar, depressão recorrente |
Especialidade | Psiquiatria, psicologia |
Sintomas | Humor depressivo, baixa auto-estima, falta de interesse em atividades normalmente interessantes, falta de energia, dor sem causa definida[1] |
Complicações | Automutilação, suicídio[2] |
Início habitual | 20–40 anos de idade[3][4] |
Duração | > 2 semanas[1] |
Causas | Fatores genéticos, ambientais e psicológicos[1] |
Fatores de risco | Antecedentes familiares, alterações profundas na vida pessoal, alguns medicamentos, doenças crónicas, abuso de substâncias[1][3] |
Condições semelhantes | Perturbação bipolar (PAB), perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA), tristeza[3] |
Tratamento | Aconselhamento psiquiátrico, antidepressivos, eletroconvulsoterapia[1] |
Frequência | 216 milhões (2015)[5] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F32, F33 |
CID-9 | 296 |
CID-11 | 578635574 |
OMIM | 608516 |
DiseasesDB | 3589 |
MedlinePlus | 003213 |
eMedicine | med/532 |
MeSH | D003865 |
Leia o aviso médico |
Perturbação depressiva major (PDM) (português europeu) ou transtorno depressivo maior (TDM) (português brasileiro), conhecido simplesmente como depressão, é um distúrbio mental caracterizado por pelo menos duas semanas de depressão que esteja presente na maior parte das situações.[1] É muitas vezes acompanhado de baixa autoestima, perda de interesse em atividades de outra forma aprazíveis, pouca energia e dor sem uma causa definida.[1] As pessoas podem ocasionalmente manifestar delírios ou alucinações.[1] Algumas pessoas apresentam episódios de depressão separados por um intervalo de vários anos em que o comportamento é normal, enquanto outras manifestam sintomas de forma quase permanente.[3] A depressão pode afetar de forma negativa as relações familiares da pessoa, o trabalho, a vida escolar, o sono, as refeições e a saúde em geral.[1][3] Entre 2 a 7% dos adultos com depressão morrem de suicídio[6] e cerca de 60% das pessoas que morrem por suicídio apresentavam depressão ou outro distúrbio de humor.[7]
Acredita-se que a condição seja causada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos.[1] Entre os fatores de risco estão história de depressão na família, alterações significativas na vida, determinados medicamentos, problemas de saúde crónicos e consumo de drogas.[1][3] Cerca de 40% do risco aparenta estar relacionado com a genética.[3] O diagnóstico de distúrbio depressivo maior tem por base a descrição das experiências por parte da pessoa e a avaliação do estado mental.[8] Embora não existam exames de laboratório específicos para a doença,[3] podem ser realizados exames para descartar outras condições que causam sintomas semelhantes.[8] A depressão é diferente da tristeza, que é uma parte normal da vida e é menos grave.[3] Um estudo de revisão da Colaboração Cochrane não encontrou evidências suficientes que apoiem o rastreio da doença.[9]
O tratamento consiste geralmente em aconselhamento psiquiátrico e medicamentos antidepressivos.[1] Embora a medicação aparente ser eficaz, o efeito pode ser significativo apenas nos casos graves.[10][11] Não é ainda claro se a medicação afeta o risco de suicídio.[12] Entre os tipos de aconselhamento psiquiátrico estão a terapia cognitivo-comportamental e a terapia interpessoal.[1][13] Se outras medidas não se revelarem eficazes, pode ser considerada a terapia eletroconvulsiva.[1] Em casos em que a pessoa é um risco para si própria, pode ser considerado o internamento hospitalar involuntário.[14]
Em 2013, o distúrbio depressivo maior afetava aproximadamente 235 milhões de pessoas em todo o mundo (3,6%).[15] A percentagem de pessoas afetadas em determinado momento da vida varia entre 7% no Japão e 21% em França.[4] A taxa ao longo da vida é maior nos países desenvolvidos (15%) do que nos países em vias de desenvolvimento (11%).[4] A doença é a segunda maior causa de anos de vida com incapacidade, apenas atrás da dor de costas.[15] Os sintomas aparecem geralmente entre os 20 e os 40 anos de idade. A doença é duas vezes mais comum entre mulheres do que entre homens.[3][4] As pessoas afetadas podem ser alvo de estigma social.[16] Em 1980, a Associação Americana de Psiquiatria acrescentou o distúrbio depressivo maior ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III),[17] separando-a das neuroses depressivas do DSM-II, que também incluíam as condições atualmente denominadas distimia e distúrbios de adaptação.[17]