Transtorno obsessivo-compulsivo

Perturbação obsessiva-compulsiva
Transtorno obsessivo-compulsivo
Algumas pessoas com POC lavam as mãos de forma frequente e excessiva
Especialidade Psiquiatria
Sintomas Sentir necessidade de confirmar repetidamente as coisas, realizar compulsivamente determinadas rotinas, ter repetidamente determinados pensamentos[1]
Complicações Tiques, perturbações de ansiedade, suicídio[2][3]
Início habitual Antes dos 35 anos de idade[1][2]
Causas Desconhecidas[1]
Fatores de risco Abuso infantil, stresse psicológico[2]
Método de diagnóstico Com base nos sintomas[2]
Condições semelhantes Perturbação de ansiedade, perturbação depressiva major, perturbações alimentares, perturbação de personalidade obsessivo-compulsiva[2]
Tratamento Psicoterapia, inibidores seletivos de recaptação de serotonina, antidepressivos tricíclicos[4][5]
Frequência 2,3%[6]
Classificação e recursos externos
CID-10 F42
CID-9 300.3
CID-11 1582741816
OMIM 164230
DiseasesDB 33766
MedlinePlus 000929
eMedicine article/287681
MeSH D00977
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A perturbação obsessiva-compulsiva (POC) (português europeu) ou transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) (português brasileiro) é uma perturbação mental caracterizada por obsessões e compulsões. As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes que provocam na pessoa ansiedade ou mal-estar.[7] A pessoa sente a necessidade de ignorar ou suprimir a ansiedade causada por essas obsessões através de pensamentos, rotinas ou atividades repetitivas denominadas compulsões ou rituais.[7][1] As obsessões mais comuns são o medo de contaminação por germes, sujidade ou produtos químicos, medo de contrair uma doença, medo de prejudicar outras pessoas de forma acidental ou intencional ou medo de cometer um erro grave.[7] As compulsões mais comuns são lavar as mãos ou limpar compulsivamente para diminuir o medo de contaminação ou de contrair uma doença; confirmar repetidamente as coisas para diminuir o medo de prejudicar outrem ou de cometer um erro; e ordenar, organizar por determinada ordem, contar ou repetir compulsivamente nomes, frases ou rotinas para diminuir a ansiedade.[7][1] Algumas pessoas têm dificuldade em deitar fora objetos.[1] A maior parte dos adultos com POC está consciente que os comportamentos não fazem sentido.[1] A condição está associada a tiques, perturbações de ansiedade e risco acrescido de suicídio.[2][3]

Desconhece-se a causa da perturbação.[1] Existem alguns indícios de componentes genéticos, dado que a condição é mais comum entre gémeos verdadeiros do que em gémeos falsos.[2] Entre os fatores de risco estão antecedentes de abuso infantil ou outros acontecimentos capazes de induzir stresse psicológico.[2] Há alguns casos documentados que ocorreram na sequência de infeções.[2] O diagnóstico tem por base os sintomas e requer que sejam descartadas outras possíveis causas médicas ou relacionadas com o consumo de drogas.[2] Para um diagnóstico de POC, o comportamento obsessivo e compulsivo tem de ser em tal grau que interfira negativamente o quotidiano da pessoa[1] e a soma do tempo dispendido com compulsões deve ser superior a uma hora por dia.[2] A gravidade da condição pode ser determinada com escalas de avaliação, como a escala de Yale-Brown (Y-BOCS).[8] Entre outras perturbações que produzem sintomas semelhantes estão as perturbações de ansiedade, perturbação depressiva major, perturbações alimentares, tiques e perturbação de personalidade obsessivo-compulsiva.[2]

O tratamento consiste em aconselhamento psiquiátrico, como terapia cognitivo-comportamental, e em alguns casos medicação, geralmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).[4][5] A terapia cognitivo-comportamental para a POC consiste em aumentar a exposição às causas do problema ao mesmo tempo que se tenta impedir a ocorrência do comportamento repetitivo.[4] Porém, as técnicas de exposição são bastante controversas e variam muito de pessoa para pessoa.[9] Em alguns casos expor a pessoa aos seus próprios gatilhos pode ser extremamente perigoso, e podem trazer sequelas físicas e emocionais bastante graves.[9] Embora a clomipramina aparente ser tão eficaz como os ISRS, tem maior número de efeitos adversos.[4] Em casos resistentes ao tratamento, os antipsicóticos atípicos podem ter utilidades quando administrados em associação com ISRS, embora estejam associados a um risco acrescido de efeitos adversos.[5][10] Sem tratamento, a condição pode persistir durante décadas.[2]

A perturbação obsessivo-compulsiva afeta cerca de 2.3% das pessoas em algum momento da vida.[6] A incidência em determinado ano é de 1,2% e ocorre em qualquer parte do mundo.[2] Metade das pessoas começa a manifestar sintomas antes dos vinte anos de idade. São raros os casos em que os sintomas se começam a manifestar depois dos trinta e cinco anos.[1][2] A condição afeta homens e mulheres em igual proporção.[1] O termo obsessivo–compulsivo é muitas vezes usado de maneira informal para descrever uma pessoa sem POC que seja excessivamente meticulosa, perfeccionista, absorta ou fixada em alguma coisa.[11]

  1. a b c d e f g h i j k The National Institute of Mental Health (NIMH) (janeiro de 2016). «What is Obsessive-Compulsive Disorder (OCD)?». U.S. National Institutes of Health (NIH). Consultado em 24 de julho de 2016. Cópia arquivada em 23 de julho de 2016 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o Diagnostic and statistical manual of mental disorders : DSM-5 5 ed. Washington: American Psychiatric Publishing. 2013. pp. 237–242. ISBN 978-0-89042-555-8 
  3. a b Angelakis, I; Gooding, P; Tarrier, N; Panagioti, M (25 de março de 2015). «Suicidality in obsessive compulsive disorder (OCD): A systematic review and meta-analysis.». Clinical Psychology Review. 39: 1–15. PMID 25875222. doi:10.1016/j.cpr.2015.03.002 
  4. a b c d Grant JE (14 de agosto de 2014). «Clinical practice: Obsessive-compulsive disorder.». The New England Journal of Medicine. 371 (7): 646–53. PMID 25119610. doi:10.1056/NEJMcp1402176 
  5. a b c Veale, D; Miles, S; Smallcombe, N; Ghezai, H; Goldacre, B; Hodsoll, J (29 de novembro de 2014). «Atypical antipsychotic augmentation in SSRI treatment refractory obsessive-compulsive disorder: a systematic review and meta-analysis.». BMC Psychiatry. 14. 317 páginas. PMC 4262998Acessível livremente. PMID 25432131. doi:10.1186/s12888-014-0317-5 
  6. a b Goodman, WK; Grice, DE; Lapidus, KA; Coffey, BJ (setembro de 2014). «Obsessive-compulsive disorder.». The Psychiatric clinics of North America. 37 (3): 257–67. PMID 25150561. doi:10.1016/j.psc.2014.06.004 
  7. a b c d «Perturbação obsessiva-compulsiva». Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Consultado em 21 de janeiro de 2018 
  8. Fenske JN, Schwenk TL (agosto de 2009). «Obsessive compulsive disorder: diagnosis and management». Am Fam Physician. 80 (3): 239–45. PMID 19621834. Cópia arquivada em 12 de maio de 2014 
  9. a b Petersen, Marcela Leão (dezembro de 2019). «A terapia cognitivo-comportamental no tratamento das compulsões mentais». Revista Brasileira de Terapias Cognitivas (2): 92–99. ISSN 1808-5687. doi:10.5935/1808-5687.20190014. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  10. Decloedt EH, Stein DJ (2010). «Current trends in drug treatment of obsessive-compulsive disorder». Neuropsychiatr Dis Treat. 6: 233–42. PMC 2877605Acessível livremente. PMID 20520787. doi:10.2147/NDT.S3149 
  11. Bynum, W.F.; Porter, Roy; Shepherd, Michael (1985). «Obsessional Disorders: A Conceptual History. Terminological and Classificatory Issues.». The anatomy of madness : essays in the history of psychiatry. London: Routledge. pp. 166–187. ISBN 978-0-415-32382-6 

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